
29/09/2025
Com 278 anos de existência, o histórico município de Luziânia (GO) guarda em seu passado a busca por ouro, o que arrancou, por consequência, sangue das mãos de pessoas que eram escravizadas em séculos passados. Embora o garimpo pareça ter ficado no passado, um fator vem movimentando a cidade, que pode ver a extração do minério voltar a movimentar a região.
O Metrópoles apurou que uma empresa com sede no Canadá aumentou consideravelmente os pedidos junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) para realizar pesquisas no solo de Luziânia. A avalanche de pedidos começou em 2024, indicando o interesse da mineradora no município goiano.
Entre 2019 e 2023, a média do chamado requerimento de registro de licença no site da ANM era parecida, oscilando entre sete e 12 pedidos por ano. Além disso, as solicitações eram sempre feitas por várias empresas.
Já em 2024, a agência reguladora recebeu 78 pedidos, sendo 67 da empresa canadense Kinross Gold Corporation, por meio da filial brasileira Kinross Brasil Mineração S/A.
O Metrópoles conversou com um ex-garimpeiro, morador de Luziânia, para saber se a região ainda tem trabalhadores que extraem o cascalho do solo em busca de ouro. José de Carvalho, 71 anos, assegura que as terras luzianenses ainda guardam o metal precioso.
“Ainda há, nos dias de hoje, garimpeiros que mexem no solo e extraem ouro de forma autônoma. Como é muito difícil a regularização, eles acabam atuando clandestinamente devido à necessidade financeira”, explica Carvalho.
José de Carvalho aponta que os garimpeiros vendem o grama do ouro a, uma média, de R$ 400 a R$ 500. “Cada garimpeiro consegue extrair, em média, de um a dois gramas por dia”, comenta o ex-garimpeiro. “Alguns compradores já sabem e vêm aqui, enquanto outros garimpadores buscam sair do município para vender por preço melhor”, conta.
Quando questionado se o suposto domínio de uma empresa internacional traria ou não malefícios para Luziânia, José de Carvalho diz que enxerga a geração de empregos na cidade. “[Caso os canadenses passem a tomar conta do solo] eu gostaria que os trabalhadores fossem daqui de Luziânia, isso geraria mais emprego.