
30/06/2025
A extrema direita, autoritária e estúpida fez isso. Não podemos esquecer nunca, pra não repetir. Será que não estamos vendo a mesma coisa? F**a uma reflexão
Em 2 de julho de 1942, num recanto sereno da antiga Checoslováquia, a infância foi assassinada em silêncio.
Naquele dia, 82 crianças de Lidice foram arrancadas dos braços das mães e entregues à Gestapo. Nenhuma delas sabia que o destino era Chelmno — um campo de extermínio onde a morte chegava em forma de gás, e de onde ninguém voltava.
Elas tinham nomes. Tinham sonhos, brinquedos, medos noturnos, quedas no joelho. Tinham um futuro. Mas tudo foi sufocado em câmaras de gás, onde a infância virou fumaça e o mundo fingiu que não viu.
Décadas depois, quando o silêncio já quase cobria tudo, uma mulher se recusou a esquecer. A escultora Marie Uchytilova, movida por uma dor que não era dela — mas poderia ter sido —, passou 20 anos tentando devolver-lhes o rosto. Vasculhou arquivos, recolheu lembranças, estudou fotografias. Um por um, recriou-os em bronze, não como símbolos vazios, mas como crianças reais. Como aquelas que deveriam estar vivas.
Hoje, em Lidice, 82 estátuas estão de pé. Em tamanho real. Paradas. Olhando o horizonte como se ainda esperassem voltar para casa. Não há gritos, nem lágrimas, nem placas. Apenas o eco de uma ausência que fala mais alto do que qualquer monumento.
É uma obra sem palavras. E por isso, talvez, diga tanto.
Porque há dores que não pedem explicação — só memória que não enferruja.
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