29/07/2024
E se Petrobras comprar bloco na Namíbia: oportunidade ou só pressão para dividendos?
Por Felipe Moreira
Estatal fez uma oferta não vinculante para comprar uma participação significante no bloco PEL-83 da Galp na Namíbia
A Petrobras (PETR4) fez uma oferta não vinculante para adquirir uma participação significante no bloco PEL-83 da Galp na Namíbia, segundo afirmou Sylvia dos Anjos, diretora de Exploração e Produção da estatal, em entrevista para a Reuters na última sexta-feira (26). Se aceita, a oferta tornaria a estatal a operadora do campo de petróleo e gás de Mopane, que possui uma estimativa de 10 bilhões de barris equivalentes. O artigo menciona que o campo poderia valer US$ 10 bilhões.
Apesar de reconhecer o investimento no segmento de Exploração & Produção como positivo, a Genial Investimentos considera o evento como neutro para petrolífera, uma vez que a precificação de US$ 4 por barril não desenvolvido “não parece uma barganha”.
A Genial também comenta que US$ 4 bilhões é um valor relevante e pode pressionar o pagamento de dividendos da estatal.
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A XP Investimentos avalia a notícia como neutra, devido a incerteza se a oferta da Petrobras prevalecerá, uma vez que várias outras empresas fizeram ofertas pelo ativo.
Por outro lado, a XP disse receber com satisfação a alocação de capital da petrolífera para o upstream (exploração e produção) e reconhece que a companhia é uma das melhores operadoras de águas profundas do mundo e que a Namíbia offshore é uma nova e prolífica fronteira exploratória.
No entanto, analistas disseram ser menos construtivos em relação à diversificação da Petrobras para fora de seus principais ativos no Brasil. A Galp possui uma participação de 80% no campo e, segundo informações, está procurando vender uma participação de 40% no ativo.
O BBI ainda comenta que aumentar a produção fora do Brasil não ajuda as contas fiscais brasileiras, o que é difícil justificar. Segundo o relatório, o que poderia justificar seria a Petrobras conhecer melhor a Bacia da Namíbia para explorar melhor a Bacia de Pelotas no Brasil (que era contígua à Namíbia nos tempos da Pangeia). No entanto, o banco acredita que a Petrobras não precisa comprar uma grande posição de operadora e comprometer capital futuro significativo para entender melhor a Bacia de Pelotas.
Embora a reportagem mencione US$ 10 bilhões em potencial, neste estágio, o BBI acredita que a avaliação seria muito abaixo disso, pois a descoberta foi muito recente e não tem reservas declaradas. Os recursos contingentes tendem a ser negociados não mais do que US$ 1 a US$ 3 barril de óleo equivalente (boe).
Embora a descoberta tenha o potencial de 10 bilhões de boe de petróleo no local, os fatores de recuperação no offshore brasileiro tendem a não ser mais do que 20% a 30%; portanto, isso significa que Mopane poderia acumular, após vários anos, não mais do que 2 a 3 bilhões de barris em reservas.
De acordo com cáluclos do BBI, se a Petrobras vencer a oferta de 40%, isso significa que a empresa precisaria desembolsar cerca de US$ 1,65 bilhão nessa aquisição (possivelmente em parcelas diferentes).
O BBI acrescenta que já removeu US$ 2,5 bilhões em acordos e aquisições do CARF do fluxo de caixa ao acionista em 2024, para representar os US$ 11 bilhões de capex “em avaliação” aprovados no último Plano Estratégico da empresa. Mesmo fazendo isso, o banco espera que a Petrobras poderia entregar um dividend yield de 7% a 8% até o final deste ano e outros 12% em 2025. Portanto, a tese de investimento de retorno total positivo ainda estaria em vigor mesmo se a estatal fosse declarada vencedora na Namíbia. O BBI mantém recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 47.
Fonte: www.infomoney.com.br