28/06/2025
História da Devoção ao Imaculado Coração de Maria:
Nas Sagradas Escrituras, há duas passagens explícitas que dizem que a Virgem Maria Santíssima guardava todas as coisas em Seu Coração, revelando Sua profundidade contemplativa, silenciosa e orante. Ambas se encontram no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas:
“Maria, porém, guardava todas essas coisas, meditando-as no Seu Coração.” (Lc 2,19)
Contexto: Após o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, uma Angeofania (aparição angélica) acontece para humildes pastores. O Santo Anjo (que pela Tradição trata-se do Arcanjo São Miguel) informa os sinais para identificarem onde o Divino Menino nasceu, depois um grande exército da Milícia Celeste surge cantando louvores ao Senhor, e logo desaparecem. Os pastores, incrivelmente maravilhados, vão apressadamente até Belém para adorá-Lo. Eles contam exatamente tudo o que os Santos Anjos lhes haviam revelado. Enquanto todos se maravilhavam, Maria Santíssima guarda e medita em silêncio os acontecimentos sagrados em Seu Imaculado Coração.
“Sua Mãe guardava todas essas coisas em Seu Coração.” (Lc 2,51)
Contexto: Após o episódio em que a Santíssima Virgem Maria e o Glorioso Patriarca São José perdem O Divino Menino Jesus aos doze anos de idade, O procuram por três dias e O encontram no Templo. O Divino Menino Jesus, encontrado no Templo, impressiona todos os que O escutam. Quando a Virgem Maria Santíssima O indaga, Ele responde a Seus pais dizendo que estava “na casa de Meu Pai”. A Virgem Maria Santíssima não retruca, não argumenta — apenas guarda e contempla no silêncio do Seu Imaculado Coração.
Esses dois versículos revelam o que muitos santos chamaram de o Coração silencioso e contemplativo de Maria, onde tudo é acolhido com fé, amor e meditação profunda. A Santíssima Virgem é modelo da oração interior, da escuta silenciosa de Deus e da perfeita união com a Vontade Divina.
A devoção nasceu sutilmente na Igreja Primitiva, mas tomou nova vida com os escritos de São João Eudes (século XVII), que promoveu a Liturgia e a devoção ao Imaculado Coração de Maria Santíssima. Foi confirmada pela revelação a Santa Margarida Maria Alacoque e divulgada intensamente por São Luís Maria Grignion de Montfort. A Santíssima Virgem Maria aparece em Fátima em 1917 como a Mãe do Imaculado Coração, pedindo consagração dos corações, do mundo e especialmente da Rússia.
Consagrações ao Imaculado Coração de Maria — Diversos Papas consagraram o mundo e explicitamente a Rússia:
• Século XX:
31 de outubro de 1942 – Papa Pio XII consagra o mundo, inclusive a Rússia, ao Imaculado Coração (radio em português);
7 de julho de 1952 – Papa Sáo Pio XII consagra especificamente a Rússia (Carta Sacro Vergente Anno);
21 de novembro de 1964 – Papa São Paulo VI renova a consagração durante o Concílio Vaticano II;
13 de maio de 1982 – Papa São João Paulo II convida os Bispos a consagrarem junto com ele;
25 de março de 1984 – Papa São João Paulo II consagra o mundo e Rússia com os Bispos, confirmado por Irmã Lúcia;
• Século XXI
13 de outubro de 2013 – Papa Francisco consagra seu pontificado ao Imaculado Coração, diante da imagem de Fátima, e em 25 de março de 2022, o Papa Francisco renova oficialmente a consagração do mundo, Rússia e Ucrânia, cumprindo plenamente as condições pedidas por Nossa Senhora de Fátima. O Papa Francisco foi o primeiro a fazer a consagração incluindo explicitamente Rússia e Ucrânia, em comunhão com todos os Bispos, cumprindo todos os requisitos apontados por Fátima.
Importância e frutos da Consagração:
O Imaculado Coração de Maria é o sinal da participação humana no Plano Divino, veículo das promessas de paz, conversão dos pecadores e triunfo final. A Quarta Sessão do Concílio Vaticano II e documentos como Signum Magnum enfatizaram a centralidade dessa consagração para a história da Igreja e do gênero humano. Os frutos históricos são notáveis: o fim da Guerra, queda da URSS, aumento da devoção maternal nas famílias.
Muitas pessoas acham que a Santíssima Virgem Maria possui muitos títulos, e acham até um exagero a devoção ao Seu Imaculado e Sagrado Coração Santíssimo. Em uma página literária de grande beleza, o Padre Antônio Vieira (1608-1697) destacou essa multiplicidade de títulos e invocações, ao comentar a Natividade de Maria, que a Igreja celebra no dia 8 de setembro:
“Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus.”
(Sermão do Nascimento da Mãe de Deus)
✠ Amemus Papam ✠