14/10/2025
A SAÚDE DE MATINHOS ENTRE CONTRATOS, SILÊNCIO E DÚVIDAS QUE NÃO PODEM MAIS SER IGNORADAS
Matinhos vive uma situação que já ultrapassou o desconforto e entrou no terreno da desconfiança pública. Moradores relatam casos em que crianças atendidas na rede municipal receberam diagnósticos de virose, mas ao chegarem em hospitais de Paranaguá foram identificadas com quadros graves como apendicite ou meningite. Se isso realmente ocorreu, por que a cidade não conta com pediatras, mesmo existindo contratos públicos que supostamente garantem essa especialidade?
O Portal da Transparência mostra claramente os contratos com a Medprime, com valores, aditivos e prorrogações. Se o município paga por especialistas, por que pais e mães continuam relatando a ausência de pediatras nas UBSs e até na Maternidade? Essas perguntas não são acusações. São questionamentos legítimos de quem paga impostos e perde vidas.
Há quem afirme que esses contratos já foram prorrogados mais de uma vez. Se for verdade, o que justifica tantas renovações sem mudanças na entrega do serviço? Quem fiscaliza o cumprimento daquilo que está assinado?
Na Câmara Municipal, um grupo de vereadores votou contra o requerimento que chamaria o Secretário de Saúde para explicações. Podem ter suas razões, mas o cidadão comum tem o direito de perguntar: por que impedir esclarecimentos, justamente quando existem relatos de falhas graves no atendimento infantil?
É importante lembrar que um gestor em seu terceiro mandato conhece bem o funcionamento do poder. Não cabe mais alegar surpresa ou desconhecimento. Se há problema, que seja corrigido. Se há algo maior, que seja exposto. Matinhos não aceita ser laboratório administrativo.
E ao cenário político, um aviso preciso: desconfie de quem sempre esteve ao lado do poder e, de repente, tenta se apresentar como aliado do povo. Nem toda mudança é consciência. Às vezes, é apenas camuflagem.
E já que alguns gostam tanto de aparecer em lives para opinar sobre tudo, avisa o garoto-propaganda da gestão: se ele aprecia documentos, aqui eles estão em mãos. E ao contrário das narrativas que ele cria, documentos públicos não aceitam interpretação criativa. É preto no branco. Está ou não está. Existe ou não existe.
O que Matinhos exige não é discurso. É resposta.
Se existe contrato, há entrega?
Se existe pagamento, há médico?
Se há silêncio, o que está sendo protegido?
O povo não quer conflito. Quer verdade.
E a pergunta permanece:
Se está pago, cadê o atendimento?