31/08/2025
Edição No.245
31/08/1902
Está edição tem como destaque a notícia de invasão de Pinhal por cerca 1.000 revolucionários monarquistas, transcrita de jornal de Campinas. O texto está abaixo reproduzido com ferramenta do Google Fotos e algumas eventuais alterações do original.
Na 1a. Pág. um grande poema e as colunas O Mez, Os Dias e Policultura.
Na Pág.2 além da notícia sobre a invasão de Espírito Santo do Pinhal várias outras sobre questões políticas nacionais, notícias da cidade - movimento do cemitério e matadouro, aniversários e outras.
Na Pág.3 editais e anúncio da loja A Primavera, onde em que revela redução extraordinária de preços face à crise que a lavoura e comércio enfrentam.
Na Pág.4 anúncios do comércio da cidade.
A notícia a invasão:
“Espirito Santo do Pinhal
(DO NOSSO CORRESPONDENTE)
Na noile de 23 para 24 do corrente, pouco depois da meia noite, foi a cidade invadida por um grupo de monarchistas, capitaneando cerca da 1.000 homens, inclusive grupos vindos do visinho Estado de Minas.
No dia 23, pela tarde, o delegado de policia foi informado de que se tramara uma conspiração monarchica e que o edifício da cadea seria assaltado; a policia contava com 10 praças e 90 balas, único armamento que havia, mas ainda assim estava resolvida a resistir, sendo a conselho de muitas pessoas dissuadida disso, porque diante de grande número de revoltosos seria impossível a resistência
Até as 11 1/2 da noite o alferes commandante do destacamento estava pronto a resistir, mas à vista das ponderações feitas resolveram entregar a cadeia a uma comissão
que afirmou responsabili-sar-se pela ordem.
Recebida a cadea por esta comissão, desfilou logo o grapo revolucionário composto de cavalleiros e gente a pé, tomando conta da cadea e dando vivas à Monarchia, morra a República, etc
A populagão sobresaltada nem mesmo sabia do que se trava, observando durante loda a noile passeatas, musicas, vivas e muito barulho.
No manhã de 24 soube-se que estava desta cidade proclamada a Momarchia e gue os revoltosos haviam não só tomado posse de cadea, como tambem da estação da estrada de ferro Mogyana, onde impediram o tráfego, inutilizando também o telegrapho.
Soube-se também que os revolucionários teriam intimado o dr. Octaviano Afonso de Mello que se considerasse deposto do cargo de Juiz de Direito de comarca e reconhecesse sr. Armando Soares como delegado aclamado pelos revolucionários.
O Dr. Juiz de Direito com toda calma respondeu-lhes que se conservaria no seu posto a despeito de quaisquer imposições, salvo se quisessem violenta-lo physicamente, como também não reconheceria autoridade alguma acclamada.
Diante dessa altiva e energica repulsa, os revolucionários retiraram-se, cingindo-se a guardar a cidade por meio de caboclos todos armados guarnecendo também a estação e a cadea
Estando o trafego e telegrapho interrompidos , correram assim as cousas até hoje as 8 horas da manhã, sem que houvesse noticias exactas, correndo entretanto boatos da tomada de diversos outros municípios como Ilapira, Casa Branca, Ribeirão Preto, Franca, etc.
Entretanto o delegado de policia havia mandado o seu escrivão João Sigueira Lopes a S. Paalo, e este intrepido moço tendo partido daqui hontem (24) as 10 boros da manhã, o pé, fol montar a cavalo longe da cidade, indo tomar o trem em Mogy-guassu ou Mogy-mirim.
Os revolacionarios desconflaram dessa partida, tendo expedido diversos portadores no seu encalço com ordem de mata-lo, o que felizmente não conseguiram, tendo ele chegado a S.Paulo onde expôs ao governo o estado desta localidade
Efectivamente o governo para aqui expediu uma força e os revolucionários tiveram a ciência de sua vinda, porque as 8 horas da manhã deixaram a cadea entregue ao carcereiro e fugiram todos.
Immediatamente a policia lomou conta do cadea e preparou-se para guarnecel-a até receber reforços que viriam, já então esperados.
Com effeito as 4 1/2 horas da tarde de hoje chegou um trem especial trazendo o dr. José Roberto Leite Penteado, 1o. delegado auxiliar, acompanado do seu escrivão e praças commandados pelo tenente Azevedo .
0 dr. José Roberto foi recebido na estação por um grupo de republicanos que foram saúda-lo, seguindo todos imediatamente para o sala da Câmara , sendo aquartellada a
força
O dr. 1’o delegado vae amanha abrir inquerito para apurar as responsabilidades.
(Commercio de Campinas, de 27)