08/07/2024
Eu não queria cachorro. Minha avó dizia que “cachorro, quando está vivo, é uma beleza; quando morre, faz a gente chorar”. Minha mãe não queria cachorro porque dá trabalho. Fábio não gosta de cachorro.
Eu tinha ganhado um cachorro.
Há mais de 13 anos ele foi o companheiro de todos aqui em casa.
Toda vez que minha avó sentava no sofá, ele deitava no colo dela para receber carinho na cabecinha. Quando João Pedro chegava em casa, o cachorro subia para o meu quarto e se escondia dele. E se João o encontrava, jogava-o para cima como se fosse um bichinho de pelúcia. Minha mãe vivia dando pão de queijo para ele e ao mesmo tempo dizia “ele enjoa de comida”. Meu tio também dividia comida com ele e falava “um pedaço para mim, outro para Gaba, né Gaba?”. E eu, toda vez que o via, ficava apertando, apertava as patinhas, as orelhinhas, apertava-o nos meus braços e entre as pernas, e quando o encontrava, falava “oooii amooor”. Fábio continuou sem gostar de cachorro.
Primeiro, descobrimos um probleminha no olho, depois veio o do coração, e desde o início do ano, vieram as convulsões.
Desde que retornei de viagem, me dediquei a - tentar - dar os inúmeros remédios na hora certa e enchê-lo de amor e carinho.
Nunca estamos prontos para dizer adeus a quem amamos. Dói a despedida, mas doía mais vê-lo sofrendo e o seu corpinho sinalizando que queria descanso. O pior do luto é que a saudade bate em um dia qualquer, no meio de uma tarde de semana ou numa manhã de domingo.
Minha avó tinha razão❤️🩹 meu amor, eu vou morrer de saudade de você 🐾🫀