20/09/2024
Lanceiros Negros: heróis farroupilhas
A narrativa histórica do RS foi construída destacando alguns fatos que podem ser motivo de orgulho e invisibilizando, e até negando, outros fatos não tão "heróicos" assim.
Este é o caso da participação da população negra na GUERRA dos Farrapos que alguns insistem em chamar de "Revolução". No Rio Grande do Sul do século XIX a principal força de trabalho era a da população negra escravizada. Quando inicia o conflito dos proprietários de terras com o governo imperial, num primeiro momento, os negros não participaram, mas em seguida passaram a ser recrutados com a promessa da liberdade ao final da guerra. Os negros escravizados passaram a constituir grande parte do exército dos farroupilhas e f**aram conhecidos por Lanceiros Negros, por causa da bravura e dos grandes serviços prestados a este exército, formando uma “tropa de choque”. No final da guerra, os estancieiros e os imperiais se preparavam para assinar o tratado de paz, o tratado do Poncho Verde, mas discordavam sobre a libertação dos Lanceiros Negros. Os imperiais queriam que eles voltassem à condição original de escravos pois a liberdade destes soldados poderia ruir com o sistema escravocrata.
Os líderes farroupilhas encontraram como saída para o impasse, trair os negros que arriscaram a vida na esperança da liberdade. Os farroupilhas desarmaram as tropas de Lanceiros Negros, e os imperiais atacaram de surpresa, acabando com o empecilho para a paz. Hoje, se pouco se fala sobre a participação do povo negro na Guerra dos Farrapos e na cultura do RS, quase nunca se toca nesta traição sofrida por eles. Que não sirvam estas façanhas de modelo a nenhuma terra!