25/11/2025
🧠A Teoria Crítica da Sociedade e sua Aplicação nas Comunidades Vulneráveis do País
A Teoria Crítica da Sociedade, desenvolvida pela Escola de Frankfurt, estabelece uma lente analítica voltada para compreender as estruturas de dominação, as formas de desigualdade e os mecanismos sutis que reproduzem assimetrias sociais. Em sua essência, propõe a superação das injustiças estruturais por meio da emancipação, da racionalidade crítica e da participação ativa dos sujeitos na construção de uma ordem social mais justa.
No contexto brasileiro, especialmente nas comunidades vulneráveis, essa perspectiva adquire relevância prática e urgente. Tais territórios convivem com processos históricos de exclusão, marcados pela ausência de políticas públicas integradas, pela precarização de direitos e pela desigual distribuição de oportunidades. A Teoria Crítica permite interpretar que essas desigualdades não são acidentes do sistema, mas expressões de uma racionalidade social que privilegia determinados grupos enquanto marginaliza outros.
Sob a ótica crítica, a vulnerabilidade não se limita aos indicadores socioeconômicos; ela se manifesta também na captura das consciências pelo que os frankfurtianos denominam “indústria cultural”. Nesse cenário, a reprodução de estigmas, a normalização da violência e o bloqueio da consciência política tornam-se mecanismos que reforçam a manutenção das hierarquias sociais. Assim, a construção da autonomia coletiva nas comunidades depende da formação crítica, da ampliação da participação social e do acesso a instrumentos que permitam transformar a realidade local.
Outro elemento central é a crítica ao modelo de Estado que, muitas vezes, opera de forma fragmentada e reativa. A Teoria Crítica sustenta que políticas públicas verdadeiramente emancipatórias precisam ser intersetoriais, contínuas e orientadas ao fortalecimento das capacidades sociais. Isso implica reconhecer o território como espaço vivo, composto por sujeitos que produzem cultura, conhecimento e resistência.
Além disso, o enfrentamento da desigualdade exige a desconstrução de práticas institucionais que perpetuam preconceitos raciais, econômicos e territoriais. Nas comunidades vulneráveis, a violência simbólica — conceito amplamente trabalhado pela teoria crítica ampliada — se materializa na discriminação cotidiana, nas barreiras institucionais e na deslegitimação das narrativas periféricas.
Portanto, aplicar a Teoria Crítica da Sociedade às comunidades vulneráveis do país significa:
1. Questionar as estruturas que reproduzem desigualdades;
2. Fortalecer a consciência crítica como ferramenta de emancipação;
3. Promover políticas públicas transformadoras e participativas;
4. Reconhecer os sujeitos periféricos como protagonistas sociais;
5. Construir práticas que rompam com a lógica histórica de exclusão.
Em síntese, a teoria crítica oferece um arcabouço robusto para compreender que a superação da vulnerabilidade não é apenas uma questão de assistência, mas de transformação estrutural. É pela crítica, pela organização coletiva e pela afirmação da dignidade humana que se constrói uma sociedade mais democrática, inclusiva e igualitária.
Willians Martins