29/08/2025
Entre vítima e agressora: o dilema que ecoa no tribunal de Capinzal
O julgamento que acontece em Capinzal não é apenas sobre um crime ocorrido na pequena Lacerdópolis em 2022. É também sobre as contradições humanas, os limites da resistência e a tênue linha que separa vítima e agressor.
No banco dos réus, uma mulher confessa ter matado o marido e escondido o corpo em um freezer. Sua defesa sustenta que o gesto extremo foi fruto de anos de violência e abuso, um acúmulo de dores que teria culminado na tragédia. Do outro lado está a memória do homem morto, dopado e assassinado na própria cama, cuja voz silenciada não pode mais se defender das acusações.
Esse embate de narrativas expõe o quanto a justiça, por vezes, é chamada a lidar não apenas com fatos objetivos, mas também com contextos subjetivos — medos, traumas e histórias que moldam cada escolha. Julgar não é simples, porque não se trata apenas de medir a gravidade de um crime, mas de tentar compreender o que levou até ele.
O caso de Capinzal provoca uma reflexão inevitável: até onde alguém pode suportar viver em um ciclo de violência? E até onde o sofrimento pode ser usado como justificativa para um ato irreversível? Entre a dor e a brutalidade, entre a reação e o excesso, está a complexa tarefa de um júri que precisa dar uma resposta à sociedade.
No fim, mais do que buscar vencedores ou vencidos, este julgamento expõe as fragilidades humanas e levanta questões que ultrapassam as paredes do tribunal. Cabe à Justiça decidir sobre a responsabilidade penal, mas cabe à sociedade refletir sobre as causas, as consequências e os caminhos para que histórias como essa não se repitam.
Fonte: Rádio Catarinense