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Preta Gil Como a conheci e o que lembro dela Por Themis Pereira de Souza Vianna Há uma beleza presente em toda a alma hu...
24/07/2025

Preta Gil

Como a conheci e o que lembro dela

Por Themis Pereira de Souza Vianna

Há uma beleza presente em toda a alma humana. É aquela beleza que transcende a amabilidade formal, que vem lá do fundo do coração, que faz com que os minutos se escoam leves e rápidos, quase não percebidos.
Essa experiência eu tive há mais de 20 anos, quando conheci pessoalmente a Preta Gil em uma apresentação no Rio de Janeiro. Ela me pegou pelo braço e me fez dançar no palco (para quem não sabe, eu danço bem). Um momento mágico, uma vez que foi uma atitude espontânea dela, sorrindo-me docemente simpática, despertando uma sensação compensadora de estar ali num ambiente de show e ter sido focada por aquela que protagonizava o espetáculo. Enfim, pequenos vislumbres na vida — como essa experiência com Preta Gil — são raros, mas suavizam as arestas da nossa existência com boas recordações.
Ela e a sua morte é meu tema de hoje. Apenas viveu a metade da vida, deixando seus queridos aos 50 anos no domingo (20/07). Uma idade que nos dias de hoje as pessoas ainda são relativamente jovens. Fez cursos de teatro e dança. Tinha facilidade de se comunicar com o público e com as pessoas individualmente. Tinha ainda muita estrada diante de si. Morreu com muito capital artístico, era cantora, atriz, dançarina, produtora e publicitária.
Sempre estava de bem com a vida. Dizia, “tenho mil privilégios, não tenho como reclamar”. E ela respirava liberdade. No seu ver, as coisas tinham que ser belas e impressionantes. Entregava-se à vida para sorver dela o que há de melhor. Enfim, ela era alguém que pertencia à arte musical, à qual decidiu entregar-se como sua opção de carreira.
Filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso, afilhada de Gal Costa, fez carreira na música dentro de um rico contexto de cantores que a influenciaram. Começou com o lançamento do primeiro álbum destacando o hit “Sinais de Fogo”. Seguiram mais dois álbuns, um em 2005 e outro em 2010. Com este álbum percorreu o Brasil durante sete anos. Daí para frente diversificou e adotou de forma eclética vários gêneros musicais, escolhidos entre os quais a inspiravam. Com este repertório criou o show “Baile da Preta”. Teve também uma vida influente nos carnavais. Tornou-se visível como figura pública e recebeu o convite para um programa de televisão onde deveria conversar com convidados falando sobre s**o. Em 2021 gravou com seu filho, Fran, “Meu Xodó”. E como atriz participou em novelas. Passou por três casamentos, o primeiro com o ator Otávio Müller, tiveram juntos o filho Francisco Gil. Segundo casamento foi com o mergulhador Carlos Henrique Lima e o terceiro com Rodrigo Godoy, casamento que terminou em 2023.
Nesse ano grandes sombras começaram a se projetar sobre Preta Gil. Foram dois componentes: o fim do casamento e o diagnóstico de câncer. Estava no topo da vida, mas aquelas forças sobre as quais ninguém tem o domínio, a levaram lentamente ao declínio. Um tempo quando as pessoas vivem um tipo de vida de profunda interiorização. As reflexões f**am mais frequentes e abrem portas para lugares nunca imaginados. O corpo é varrido por uma sensação que muda de intensidade, alternando-se entre a nostalgia, dor e a esperança. Mas a sensação é mutável e caprichosamente se aproxima com o rosto sorridente e alentador. Porém, sem aviso prévio, o corpo dá a si o direito de mostrar a cara amarga de maus presságios.
O escritor Irwin D. Yalom contextualiza esses momentos, afirmando: “Cada vez que respiramos, afastamos a morte que nos ameaça (...). No final, ela vence.
Preta Gil a partir de 2023 viveu dois impactos: o diagnóstico de um melanoma que se infiltrou silenciosamente e o consequente fim do casamento, moendo seu alicerce emocional. A vida se mostrava diante dela com seus pequenos detalhes químicos potencialmente ameaçadores. Detalhes que não poupam reis com suas coroas e cetros, nem os heróis com suas armas, e apavoram os tiranos com seus arcanos cheios de fantasmas ameaçadores de suas vítimas devido a crueldade que sofreram.
A cortina do palco desce para dar lugar ao médico de jaleco branco e a parafernália de instrumentos da tecnologia avançada de ondas eletromagnéticas que penetram indolores no corpo. Mas depende do tipo de câncer, ele requer inconfortáveis sessões de quimioterapia, o que ocorreu com a Preta Gil. Depois foi a Nova York para tratar-se com recursos mais avançados. À medida que a doença evoluía, amigos e familiares não a abandonaram. Foram visitá-la nos Estados Unidos também suas irmãs, seu pai, Gilberto Gil e a madrasta Flora Gil. Além das visitas, a troca de mensagens pela internet era permanente.
O calor humano de seus amigos e familiares amenizava seu estado de fraqueza e dor de um câncer teimoso que não se rendia. Chega o momento que a batalha entre a enfermidade e o corpo, a doença acomoda o corpo e proclama sua vitória. Uma metamorfose que esmaga a lógica e o bom-senso.
Preta Gil adormeceu ao lado de seu filho, que lhe prestou assídua presença. Nessa passagem, nos restos de sua lucidez, talvez, como passe de mágica, — peço licença para usar minha imaginação, emergiam do fundo memória dela, fragmentos de lembranças da música “Drão” — cantada pela última vez ao lado de seu pai. Cuja letra é considerada “um hino ao fim dos relacionamentos”. ... “Não pense na separação. Não despedace o coração. O verdadeiro amor... estende-se infinito...”. enquanto isso a morte a recolhia suave, com mãos afetuosas cheias de ternura para estendê-la ao infinito.

Reestruturar a vida aos valores permanentes A morte de pessoas queridas nos faz refletir sobre o sentido da vida Por The...
18/07/2025

Reestruturar a vida aos valores permanentes

A morte de pessoas queridas nos faz refletir sobre o sentido da vida

Por Themis Pereira de Souza

Estou de volta ao Brasil ao lado das minhas pessoas queridas. Embora partida da minha querida tia-avó Yara Diniz, deixou uma grande ferida na família, que ainda não sarou. Há uma sensação de incompletude. A dura realidade é que ela não está mais aqui.
Dia 13 fez um mês de sua partida. Por coincidência, foi também num dia 13 que minha avó Célia faleceu.
Neste domingo (13/07), fomos à igreja para rezar pela tia-avó. Ouvi atentamente o que o sacerdote falou, destacando que os que partem apenas rompem seu corpo conosco, mas não o seu coração, pois o vínculo do amor tem laços imateriais. Emocionada e comovida com o sermão — ao sair igreja— ficou dentro de mim o sentimento de tristeza, enquanto na mente circulavam as palavras do religioso, que enfatizavam, “todos têm uma missão na vida, a missão de amar. Mas não é um amor de palavras vazias. É um amor de atitude, que se chama sacrifício. O sacrifício requer renúncia. Requer de nós o amparo a quem está caído”, disse.
No meu entender, não precisamos ir aos confins da África para a prática do amor. Devemos começar em casa com os familiares. Eles são nossos imediatos.
Segundo Paul Tillich, “a primeira obrigação de quem ama é ouvir”. Ouvir signif**a disponibilizar uma atenção de entrega, “sou toda ouvidos”! Mas o ouvir não é apenas um ato de acuidade auditiva. O ouvir é disponibilizar afeto, o que requer de nós, muitas vezes, um sacrifício de desligar completamente o que estávamos fazendo.
Para uma mãe, amar é ter consciência que a criança anseia por afeição e por qualquer outro sinal de importância. Na velhice, esse anseio infantil quer retornar. Mas no lugar da mãe estão os filhos, os netos ou bisnetos. No mundo de hoje a prática de amor aos idosos é difícil. Filhos e netos estão apegados ao celular e mergulhados em um lugar mental muito distinto. Largar do celular requer renúncia e deixa os jovens aturdidos por estarem aprisionados, cativos, encarcerados na sua redoma. Um lar não pode ser um reduto de bolhas de aço isoladas nas quais cada membro de família se fecha e f**a incomunicável. A crise de falta de atenção e de afeto destrói os vínculos que dão firmeza à vida.
Portanto, atesta-se mais uma vez que não há amor sem sacrifício, como disse o sacerdote. Um sacrifício que não depende de uma oferenda de sangue a um deus, mas, que é muito simples, basta desligar o celular para que cada um fale de seus problemas e os dividam no grupo em busca de uma solução. Repito o refrão. O amor requer sacrifício. O problema, porém, não se resolve ao descobrirmos as causas e apontar culpados. A solução precisa que todos se libertem de suas bolhas para pactuar um acordo de paz. O fruto do amor é paz, que por sua vez, gera a segurança. Mas não há amor, nem paz sem que cada um procrastine o seu próprio “ego”.
No meu filosofar cheguei à conclusão de que a vida precisa ser reestruturada periodicamente. Cada dia precisa ter um sentido voltado aos valores mais importantes. Devemos lutar para reestruturar o diálogo na família. Quando o dia de trabalho termina e todos se encontram em casa deveria ser o momento de avaliar o dia de cada um (mas isso é praticamente impossível na vida urbana das grandes cidades).
Nossos familiares, de todas as idades, principalmente os idosos, precisam de espaço e tempo de nossa parte. Dar espaço psicológico a um ente querido é dizer: “Eu estou aqui para ouvi-lo. Para apoiá-lo”, escreve Robert Veninga, pois toda pessoa sente-se protegida num espaço acolhedor. Assim, vou acrescentar mais um atributo à palavra amor: acolhimento. Há também amor na verdadeira amizade. E ilustro a afirmação com esta frase: “O verdadeiro amigo é aquele que se aproxima quando o resto do mundo se afasta”. Estes, porém, são tão raros. Ou quase inexistentes por pertencerem a um mundo ideal.
Há, porém, algo quase universal, algo que une as pessoas. É o momento de dor. Uma doença grave. A morte de um ente querido. Falo por mim, o falecimento da minha querida tia-avó Yara, pelo fato de ser muito estimada por todos, ela com a sua partida nos aproximou. Ela me fez refletir sobre a vida. Descobri que a minha mente está invadida por excesso de emoções, pensamentos e perguntas que me impedem a raciocinar. Mas se eu sou aquilo o que penso, mudando meu modo de pensar posso mudar meu modo de vida. Posso controlar meus pensamentos e direcioná-los. Talvez, a maior parte do meu destino está sob meu controle. Posso mudar minhas prioridades. Não sou obrigada a alcançar metas impossíveis e me frustrar por incompetência. O que estava errado foi a escolha. Isso vale também na escolha de amizades. Entre as pessoas os interesses variam. Os valores não são iguais. Há maneiras de pensar diferente.
Comecei a constatar que posso direcionar meus pensamentos a uma autoapreciação e valorizar minhas habilidades e conquistas, mas também reconhecer as limitações. Com essa maneira de pensar posso pactuar uma paz comigo mesmo. E me aceitar assim como sou. E partir daí construir uma nova vida diante dos outros. Aceitando a mim terei mais facilidade de aceitar os outros. Sendo honesta comigo tenho grande chance ser honesta com os demais. Me sentirei bem quando tenho certeza de que posso dizer o que penso ao confidenciar com amigos também honestos consigo. Por compartilharmos a mesma certeza mutuamente. Isso é o amor em sua plenitude. Mas jamais chegaria lá sem o sacrifício de dobrar-me a mim mesma. A honestidade tem um lado doloroso. É o lado que sempre nos pede a verdade e somente a verdade, mesmo que ela doa. Aceitar a crítica dos outros nos pode magoar. Mas sendo procedente, nos cabe fazer o sacrifício da admissão. No entanto, se eu chegar a sentir que tenho a capacidade de despertar confiança nas pessoas, porque elas sentem que sou honesta comigo mesma e com os outros, posso ter a certeza que reestruturei a minha vida e tenho a aptidão para amar e ser amada.
A vida é sagrada e nos foi dada como uma dádiva. Podemos vivenciá-la mais intensamente quando a reestruturamos aos dos valores permanentes.

Lições que a vida dá Sete lições básicas que culminam com a prudência Por Themis Pereira de Souza Vianna Cada vez eu me ...
03/07/2025

Lições que a vida dá

Sete lições básicas que culminam com a prudência

Por Themis Pereira de Souza Vianna

Cada vez eu me convenço mais de que o decurso da vida é uma espécie de universidade com aulas presenciais de 24 horas diárias. A matrícula é gratuita e a frequência é opcional. É apenas um exemplo que o ser humano tem um potencial de aprendizado sem fim ao começar a pensar e aproveitar as experiências da vida como lições para sua caminhada neste mundo.
Para frequentar essa escola, o primeiro passo é refletir sobre o erro cometido —mesmo que o ato revolte o “ego” (esse agente que nos infla de orgulho pessoal e rebate impulsivamente toda crítica e que induz a um apego excessivo aos próprios interesses).
É preciso procurar um lugar bem ermo, sentar, relaxar e começar a pensar seriamente sobre o que queremos neste mundo. Qual o caminho que queremos seguir? O mesmo? Ou procurar um novo destino. Nossas avós chamavam esse momento de matutar. Pois matutando nos leva a desconfiar, retrair e acanhar diante de promessas milagrosas e sem esforço para vencer na vida. Ou matutar sobre a consequência amarga dos erros cometidos, que nos deixaram em enrascadas. Mas também refletir positivamente, injetando na alma o ânimo por aqueles pequenos triunfos diários, quase imperceptíveis, como elogios recebidos, abraços, um sorriso sincero e gentilezas de quem nem nos conhece.
No meu caso recente, sobre o qual já escrevi, o simples fato de concluir o circuito de bicicleta entre Bayeux e Vire, me injetou muito alento. Pois tracei uma meta e me preparei para ela. Fiz isso em cima da certeza que a determinação e o esforço nunca nos deixam estacionados.
Em minhas horas vagas, por vezes, cedo o meu corpo e os meus pensamentos a um julgamento de mim mesma. Sobre tudo o que fiz, o que sou no presente, e o que desejo ser no futuro. Assim entro pela porta da frente na universidade da vida para ouvir a lição de grandes mestres.
Dia desses, um pouco aborrecida comigo mesma, com as notícias de guerra, a instabilidade mundial, a bagunça do meu país, deparei-me diante de um vídeo com o título “Sete lições que podem transformar nossa forma de ver a caminhada pela vida”. Eu sei que há muito disso nas redes sociais, sobre pensamento positivo, autoajuda, e por aí vai. Mas ao clicar o start, o tema chamou atenção.
A voz grave do narrador, suas palavras pausadas, intervalos com breve silêncio, tudo dito com calma e convicção. Baseou a mensagem sobre a tragédia da jovem brasileira que em uma aventura esportiva se transformou em tragédia. E deste drama ele tirou lições para compartilhar. Disse: “As tragédias precisam ser levadas a sério, porque revelam causas e consequências”. “Em uma jornada perigosa não fique sozinho ou sozinha”. “A vida é uma caminhada que precisa de companhia”. “Sozinhos somos vulneráveis, a força de um grupo está nos cuidados mútuos”. E daí ele acrescenta: “Talvez a solidão seja a fraqueza da alma humana”.
A segunda lição é: “Se você é o guia nunca deixe alguém para trás. Liderança não é sobre estar à frente, mas de cuidar de quem está atrás”. Este item se direcionou a um dos meus maiores medos durante o circuito que fiz. O medo de me perder na longa trajetória. O medo de f**ar para trás e f**ar sozinha.
A terceira lição. “O tempo pode ser fatal”. Em caso de um acidente, quando o socorro demora, a morte vence. “Em momentos críticos cada segundo importa”. Referiu-se ao caso da jovem brasileira Juliana Marins, de Niterói (RJ), que faleceu em um grave acidente durante uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia, na sexta-feira (20 de junho).
A quarta lição: “Não tenha vergonha para desistir, antes de prosseguir, avalie as condições”. “Saber recuar não é covardia, é cuidado. A coragem também é prudente ao conhecer o risco”.
A quinta lição: “Se ‘você é o guia’ e sentiu a falta de alguém, volte!”. “A jornada não tem sentido se chegarmos sozinhos. Somos responsáveis uns pelos outros”.
Sexta lição: “Respeite os seus limites”. “Não se arrisque sem preparo. Ignorar os riscos é ignorar a própria vida, reconhecer suas limitações é um ato de sabedoria”.
Sétima e última lição. “Nem toda a experiência vale o risco, a aventura não pode custar a vida, pense em quem te espera em casa”. “A vida é o bem mais precioso que eu, você e nós temos”.
O vídeo e o texto são de Josué Gonçalves, uma pessoa muito incomum na sua perícia de analisar a alma humana em suas sombras e luzes.
Eu destaco duas frases para quem empreende uma aventura de risco: “Pense em quem te espera em casa”. “A vida é o bem mais precioso que eu, você e nós temos”.
Eu recomendo que o olhem e ouçam o vídeo, uma, duas ou três vezes. Ele sacode o nosso íntimo. É muito importante para quem pratica esportes de risco. Uma aventura nos pode dar um troféu ou nos privar para sempre de nossos queridos. O que vale mais?
As lições ouvidas penetraram na minha alma. Lembram as experiências das muitas viagens que já fiz. Uma delas bastante memorável para um grupo que acompanhei e que se atreveu a percorrer pelo mundo do frio, do gelo e dos encantos naturais do sul da Patagônia, junto a El Calafate, pequenina cidade na província de Santa Cruz, da Argentina. Percorremos El Chaltén, Parque Nacional dos Glaciares no qual se encontra o exuberante Lago Argentino e vários glaciares, entre eles, o Glaciar Perito Moreno.
Fui para o circuito da França para sentir o efeito de um desafio. Estava diante de um mundo que decidi conhecer, pelo menos em parte, e também vivenciá-lo com todos os sentidos. Na Patagônia fui com o mesmo propósito: contemplar, admirar e fotografar o cenário montanhoso com gelo e sentir o frio. Para ouvir o vento que vem das montanhas e ouvir o canto dos pássaros desconhecidos entre as árvores desconhecidas; para tocar uma flor silvestre ou uma pedra ou um pedaço de gelo; para inalar a mescla de cheiros da resina vegetal, das folhas caídas e úmidas; e, para, experimentar os hábitos alimentares, os pratos locais, o vinho de seus solos, disponíveis nas pequenas cidades.
No entanto, quero destacar uma aventura em si. Em qualquer lugar do mundo que formos nos aventurar, o desconhecido pode esconder um risco.
O âmago das sete lições é esquecer por momentos o entusiasmo, a fantasia, e pisar sobre o solo com muita firmeza. O esporte e as aventuras de risco precisam começar com a racionalidade da prudência, que requer conhecimentos prévios e muito planejamento e muito treinamento. A prudência requer precaução, cautela, atenção e sensatez. Ela aconselha a ter cuidado com o otimismo superficial.
Não! Não estou fazendo aqui uma apologia ao pessimismo. Eu vou continuar viajando, escrevendo livros e fazendo crônicas sobre as viagens. Tudo para compartilhar com amigos. E quem sabe ser no futuro uma guia turística com mais livros escritos e experiências de andanças por lugares inóspitos.
Mas asseguro que internalizei a palavra prudência como norma do que farei daqui para frente. Talvez, é esta a palavra essencial das sete lições. Pois munidos de prudência qualquer pessoa está mais apta para qualquer trajetória na vida. Não vou desistir de viajar, pois sou apaixonada por gente, outras línguas e culturas. Vivo para olhar, traduzir, escrever e contar aos outros minha experiência.
Viajo para me distanciar, se possível, nos lugares mais longínquos e ao mesmo tempo me aproximar de mim mesma.

Meu Tour Pelas Estradas da Normandia De Bayeux a Vire, 75 km de experiência numa bike Por Themis Pereira de Souza Vianna...
27/06/2025

Meu Tour Pelas Estradas da Normandia

De Bayeux a Vire, 75 km de experiência numa bike

Por Themis Pereira de Souza Vianna


Em minhas leituras eu registrei uma frase do escritor Hermann Hesse, frase que serve como introdução para o relato da minha experiência de um Tour ciclístico de 75 quilômetros na Normandia. Diz o texto: “Nada posso lhe dar, a não ser a oportunidade e o impulso”. Pois eu aproveitei ambos, tanto a oportunidade quanto o impulso para me aventurar em um Tour de bicicleta na França, país onde o ciclismo de estrada e a competição sempre tiveram grande representatividade no campo cultural. Lembro que os maiores eventos ciclísticos ocorrem na Europa e transformam competições em grandes espetáculos populares. As competições ganham cada vez mais repercussão nos jornais e de modo geral na imprensa esportiva. O que faz o ciclismo crescer.
O calendário europeu programou no âmbito da mais alta categoria 14 circuitos ciclísticos de estrada para 2025, que iniciaram em março e se estenderão até outubro. O primeiro foi na Itália entre Milão e San Remo (267 km) em 22 de março. O último também será na Itália, desta vez na Lombardia em 11 de outubro.
No meu caso, o meu Tour foi bem mais modesto. Mesmo assim foi grandioso e empolgante pela soma de suas variáveis e surpresas. Havia 200 integrantes. Todos submetidos ao regramento do circuito. Na verdade, o encarei com um desafio para o meu corpo, pois aproveitei a oportunidade e me servi do impulso para superar meus limites. É claro que treinei muito. Pedalei com ímpeto, determinação, persistência durante semanas para o preparo físico sob o ardor do sol ou da chuva sempre presente. Busquei livrar a minha mente da toxina do estresse. Procurei a tranquilidade mental como componente básico de ordem emocional. Aspirei a paz das coisas para acumular energia mental e física, que todo o atleta precisa.
A noite que precedeu a corrida, muito quente, dei-me o direito de participar de um festival de música, pois o dia 21 de junho, é consagrado a festivais em toda a França. Teve inclusive um tributo à banda AC/DC. Em parte aliviou a minha tensão em relação ao evento da manhã de domingo.
O dia amanheceu chovendo em Bayeux, local da partida, também a cidade natal do grande ciclista Kevin Vauquelin, que também foi minha cidade de referência nas viagens de pesquisa para o livro sobre o Dia D.
Estava muito nervosa sabendo que a chuva dificulta o desempenho e oferece riscos de queda. Os competidores ganharam uma pulseira a qual dava direito à água e algo para comer. Tivemos um quebra-jejum com bolinhos e me abasteci com muito líquido. A largada foi às nove horas. Eu estava preparada, mas sabia que não tinha preparo de atleta, pois meu objetivo era de concluir a prova. Uma força interior, no entanto, me deu motivação e assim comecei a corrida, afinal, quem se preza a enfrentamentos precisa encarar de frente as adversidades.
O trajeto teve de tudo, mas aproveitei a respirar os ares puros nas paisagens campestres, inalando seu oxigênio e sentindo sensações leves e agradáveis no corpo inteiro, pensando comigo — viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender. Sempre! Até parecia que os músculos das pernas acataram meus pensamentos e decidiram ajudar-me.
Enfim, depois de 3h40 chegamos. A cidadezinha de Vire estava toda enfeitada com cartazes, flores, papel colorido, saudando os competidores. Se a história universal consiste, na medida em que podemos ter dela uma ideia, de brutais batalhas, a vida normal, muitas vezes parece uma réplica. Com certeza, todos almejam o estandarte, que nem sempre é possível. Mas para quem apenas quer concluir uma prova, a chegada se torna em troféu. Pois consistiu em quase quatro horas de sensações que exalam um suor nervoso, por todos os poros, uma ansiedade na boca do estômago, provocando enjoos. Tudo isso foi superado e me considerei vitoriosa.
Cabe aqui uma palavra sobre a minha bike —minha fiel parceira — uma Ridley com um bom selim com o tubo de direção mais baixo, permitindo-me uma adoção acelerada e agressiva (ver as fotos que postei dela).
A Ridley tem uma longa tradição no desenvolvimento de bicicletas para torná-las cada vez mais rápidas. A variedade é grande e o preço das atuais começa a partir de 9 mil euros.
Posso dizer que o evento me fez penetrar num mundo incógnito, o que me permite afirmar que a vida se encontra sempre face a uma nova fronteira, fazendo investida no desconhecido. Pois penetrei nesse desconhecido que me ungiu com experiência. Meu propósito da viagem para a França não foi apenas para esta competição. Ele é maior. O objetivo é lançar no mundo das bicicletas. Desejo uma diversif**ação. Estou me especializando em viagens esportivas. A minha intenção é promover um estilo de vida peculiar aliando esportividade, cultura e lazer. Para atingir as três metas é preciso um direcionamento. Minha bike é a minha esportividade em exercício, e já estou pensando em fazer o Tour de Paris ao Mont Saint-Michel, um percurso de 470 km.
E dá para mesclar cada percurso que se faz com ingredientes culturais, vivenciando concomitantemente o lazer e transformar isso em crônica, em texto, em revista ou livro. Cito como exemplo o livro sobre o Dia D, cujo subtítulo é “relato de viagem”. Pisei na areia das praias de desembarque dos Aliados. Percorri as cinco praias e os mais de 30 setores dos 80 quilômetros da área de desembarque. Entrei nos bunkers. Aproveitei os museus. E para isso precisei viajar para depois descrever.
Meu novo projeto visa tornar visível a história de cada local. Converter um Tour num aprendizado prazeroso. Cansaço físico sim! Mas com queima de adrenalina injetando endorfina no corpo. Este "hormônio da felicidade", que promove bem-estar e alivia a dor e que atua no sistema nervoso central. Um lazer com ganho cultural, um lento e gradativo aprendizado dos fatos sepultados no tempo e com o conhecimento ocular das paisagens onde ocorreram. Um aprendizado histórico e geográfico com lazer ao mesmo tempo.
Cada pessoa ao escolher seu caminho deve saber o destino dele. Escolhi o Tour de Bayeux para Vire, na Normandia, para penetrar profundamente numa experiência para descobrir os limites do meu corpo sobre uma bike. Estou realizada ao ponto de iniciar um novo estilo de vida, pois a vida é um roteiro de descobertas.
Agradecimento e lembrete
Agradeço com muito carinho aos meus amigos que compraram o livro sobre o Dia D e que o divulguem para que continue nessa bela dinâmica de venda, pois virão novos livros.
E a grande novidade por aqui é que estou avaliando vários percursos interessantes com a minha bike para guia-los em futuros Tours aqui na França. Oportunamente voltarei ao tema com detalhes sobre os percursos escolhidos.

Granville, pequena, mas cheio de história Descobrindo Christian Dior Por Themis Pereira de Souza Vianna No meu atual rot...
17/06/2025

Granville, pequena, mas cheio de história

Descobrindo Christian Dior

Por Themis Pereira de Souza Vianna

No meu atual roteiro em cidades pequenas pela França, lembro que elas oferecem um ritmo de vida mais tranquilo, forte senso de comunidade, a vida pessoal é mais visível, as pessoas interagem mais e se conhecem melhor, a honra e as aparências são mais notáveis. Algumas ainda preservam o sino na igreja cujo badalar ecoa pela comunidade inteira com tanger de um mensageiro pontual, fiel e também o seu dobrar pode signif**ar um falecimento.
Já na cidade grande a individualidade quase desaparece. O agito é intenso. A cadeia de acontecimentos é enorme, as opções para as necessidades básicas e para o lazer são muitas e a vida noturna é mágica, que absorve o indivíduo na discrição. Ela é preferida pelos jovens por oferecer atrações que um lugar pequeno não tem.
Faço essa distinção como jornalista. Meu foco, no entanto, não é o de julgar, mas de descrever, transformar o meu olhar e o meu sentir em crônica usando tanto os conhecimentos quanto a imaginação, a razão tanto quanto a sensibilidade. É de transformar em texto pequenos detalhes, sutilezas, sem esquecer o assentamento histórico de cada lugar. Assim, pode-se descobrir algo encoberto, ignorado e esquecido.

Fui a Granville de trem, aliás, um transporte bem explorado na França. É o mais eficiente e o mais pontual, que valoriza o minuto. A pontualidade é questão e honra.
Como todo lugar Granville tem a sua identidade. Eu diria, várias a começar pela sua geografia por erguer-se em cima de um promontório e ser portuária. Já a história, ela é milenar. Em seu solo transitaram romanos durante séculos. Foi palco de muitas guerras, sobremaneira, da Segunda Guerra Mundial. Todavia, o que a grande maioria ignora é Granville ser o berço de um dos mais conhecidos gênios da alta costura. Em 1905 foi aí que nasceu Christian Dior. Fundador da empresa que leva o seu nome, uma das mais famosas da moda mundial. Seu pai, um rico comerciante, o mandou para Paris a fim de estudar Relações Internacionais. Queria ver o seu filho como um diplomata. Os filhos, com o tempo, manifestam sua própria vontade. Seu olho era a arte em geral. Convenceu seu pai para que comprasse para ele uma galeria em Paris. Foi o ponto de contato com artistas famosos como Pablo Picasso. Com a morte de seu pai ele experimentou o fracasso, mas persistiu. Christian Dior começa a vender seus desenhos para modistas e maisons de alta-costura, incluindo Jean Patou e Maggy Rouff.
Ele também trabalhou como ilustrador para o jornal Le Figaro e a revista Jardin des Modes. Foi contratado pela maison de Lucien Lelong como estilista. Sua fama se expandiu e seu nome se afirmou como grife ao ponto de Evita Perón, Ava Gardner, Greta Garbo e Rita Hayworth foram algumas de suas clientes fiéis. Elas como celebridades mundiais que o colocaram no topo da alta costura.
“A tendência de Christian Dior foi tão rapidamente aceita pelas mulheres como o "New Look" Dior, o que indica que a mulher ansiava pela volta da feminilidade, do luxo e da sofisticação”, publicou a Folha da Manhã em 12 de maio de 1957.
Sua cidade não o esqueceu. “No coração de um jardim em estilo inglês, suspenso nos penhascos de Granville e de frente para o mar está a casa onde ele nasceu e cresceu é um museu com as prestigiosas coleções de vestidos e outras peças de alta-costura. A cada ano, o museu apresenta uma exposição de moda inteiramente nova. Uma joia em seu próprio cenário, para os amantes de jardins e moda viverem num cenário de fantasia dentro de um espaço real.
Este breve perfil biográfico me convenceu que ele é o filho mais ilustre de Granville. O museu preserva seu nome e sua obra sendo muito visitado pelos grandes estilistas e pelo público ligado à alta costura.

Caminhei pela cidade o comecei a gostar do local pela sensação que ele provocava nos meus sentidos. Ruas calmas, não corria o risco de ser importunada. Com a proximidade do verão suas árvores ostentam orgulhosamente a exuberância da cor verde. Havia no ar o prenúncio dos turistas atraídos também pelo porto onde ancoram iates de todo o mundo.
O lugar, a grosso modo, tem duas distinções. A parte alta e a parte baixa da cidade. “A antiga cidade com altas muralhas ergue-se sobre um promontório que se projeta sobre o porto e a cidade baixa, que possui uma praia e calçadões”, diz um anúncio e acrescenta, “Granville é um centro para velejadores e turistas e oferece um serviço de barco para as Ilhas do Canal da Grã-Bretanha”.
Lamento que meu tempo foi tão curto para me deleitar com o que Granville oferecia. Considero que a visita ao lugar me compensou por ter sido surpreendida pelo que eu não imaginava encontrar nele. A cidade ficou na minha agenda para um dia desses voltar e vivenciá-la com mais intensidade, principalmente o porto dos iates internacionais e zarpar às ilhas próximas para conhecer as belezas da natureza e os hábitos de seus moradores. E também ‘passear pelo jardim Dior na primavera para descobrir o roseiral criado por Madeleine Dior, mãe do famoso estilista Christian Dior, e possa sentir o aroma sutil das rosas para inebriar meu olfato.

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