
08/03/2025
Havia um tempo
em que a vida era feita de coisas pequenas,
de moedas contadas na mão
e de tardes gastas entre amigos,
na lan house da esquina.
Era simples.
A gente pedia dinheiro pra mãe,
e não precisava de muito.
Só o suficiente para algumas horas
num mundo que cabia em uma tela
e no riso fácil da turma.
A tela piscava, o jogo começava,
e de repente, nada mais importava.
O tempo passava devagar,
mas nunca o bastante.
Cada tiro, cada vitória,
cada derrota,
tinha um gosto único.
As conversas eram sobre planos
que só duravam até a próxima partida,
mas pareciam grandes,
como se a vida fosse só aquilo,
como se nada mais lá fora existisse.
A simplicidade estava ali,
no som das teclas, no brilho das telas,
no refrigerante gelado que dividíamos,
nas risadas que ecoavam pelo ar
carregadas de uma felicidade sem pressa,
sem filtro, sem fim.
Eram dias de sol, de chuva,
de qualquer tempo,
porque o importante não era o clima,
mas estar ali, juntos.
A vida era mais leve,
e os problemas ficavam à porta,
como quem respeita um espaço sagrado.
Hoje, a gente lembra
e sente aquele aperto bom,
aquela nostalgia que abraça o peito
e nos faz pensar:
como era bom quando tudo que a gente precisava
era um trocado e uns amigos.
A felicidade tinha a cara de tardes
gastando o tempo
sem nem perceber que o tempo,
ah, o tempo...
já estava nos levando embora,
para longe daquelas lan houses
e daquela infância que parecia eterna.