14/09/2025
Carnaval RJ - Unidos da Tijuca
Muda essa história, Tijuca! Parceria de Lico Monteiro é a campeã na Unidos da Tijuca
Lico Monteiro, Samir Trindade, Leandro Thomaz, Marcelo Adnet, Marcelo Lepiane, Telmo Augusto, Gigi da Estiva e Juca são os compositores que assinam a obra do Carnaval 2026 da escola do Borel pela primeira vez
A Unidos da Tijuca escolheu na madrugada deste domingo o seu hino oficial para o Carnaval 2026. Venceu a parceria de Lico Monteiro, Samir Trindade, Leandro Thomaz, Marcelo Adnet, Marcelo Lepiane, Telmo Augusto, Gigi da Estiva e Juca. O samba escolhido servirá de trilha sonora para o enredo “Carolina Maria de Jesus ", uma homenagem à escritora, memorialista, compositora e multi-artista mineira, autora do best-seller "Quarto de Despejo - O Diário de uma favelada", considerado uma das mais revolucionárias e impactantes obras da literatura brasileira. A Tijuca fechará a segunda-feira de desfiles no Carnaval 2026.
Durante a noite, a Unidos da Tijuca escreveu uma nova página de sua história quase centenária. Uma madrugada histórica, que reuniu talento, coragem e poesia como há muito não se via. Em uma futura mudança de sua quadra, a noite marcou a última escolha de samba realizada na quadra do Clube dos Portuários, sua casa por mais de 30 anos. Agora, Carolina Maria de Jesus não é apenas um enredo: é o coração pulsante da Tijuca. A obra escolhida nasce de um chão de saudades, de saberes que se transformam em canto libertador. Ela é feita da mesma madeira dos barracos do Borel e das páginas que resistem ao despejo; carrega as marcas de quem foi obrigada a sobreviver. A canção traduz, em ritmo e poesia, um país que ainda sonha com sua liberdade.
O samba vencedor não se limita a narrar a vida de uma escritora. Ele encarna a menina que virou verbo, o olhar da fome transformado em denúncia, a fé que se faz arma. Traz no seu tecido a realeza escondida nas vielas, o barraco que vira literatura, as Marias que viram seus filhos crucif**ados e ainda assim levantam a cabeça. Cada frase é uma convocação silenciosa para que a Tijuca reconheça seu lugar, lute e mude a sua própria história.
Com esta obra, a escola Tijuca reafirma o seu DNA de recomeçar, de reinventar-se, de fazer sempre um novo caminho. Ao anunciar o campeão, não há mais lados nem divisões: a agremiação será um só corpo cantando Carolina. É a escola inteira, do mestre-sala à velha guarda, dos ritmistas aos torcedores, se preparando para viver a escritora do povo. A Unidos da Tijuca seguirá em busca de sua quinta estrela com a força de uma canção que nasceu da dor e da coragem para se tornar hino de esperança. Hoje, Carolina é Tijuca. Hoje, a Tijuca é Carolina.
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