29/07/2025
Minha relação com a FLIP é meio onírica. As pedras, as cores, os lampiões, a súbita e possivelmente passageira educação/alegria/informalidade/embriaguez das pessoas nas ruas. O céu e as árvores em estado de palavra. Os autores perambulando pelas esquinas. Uma certa euforia em assistir uma apresentação atrás da outra: na praça, através das janelas, nos lugares mais "chiquetosos", ou principalmente, de pé pelas bordas. Com Emanuel. Amigos. Raul de colo, contemplativo. Raul crescido, opinando em tudo. Sozinha. Na multidão. Há tantos anos. Via tantos formatos.
Os livros, também a escrita, têm sustentado minhas angústias desde muito cedo. Nos piores e melhores cenários, oferecem presença. Variados, inesgotáveis, infinitos: sempre haverá histórias, e isso acalma um modo de ser essencialmente inquieto. Já a escrita... essa escapa, zomba, escorre, desvia. E, ainda assim, ampara - alguma coisa, em alguma parte.
Participar da FLIP apresentando minha escrita momentaneamente domesticada em livro, na Praça aberta e na Casa Poéticas Negras, é de uma alegria transbordante!
Na , corpo e palavra se integram assim que sentimos a ambientação dentro-fora, a confluência entre saberes, à alimentação via música, fala, escrita, beleza, comidas apetitosas, reza. Uma das casas nas quais mais me sinto acolhida - onde o afago não silencia o chamado às lutas.
Assim, uma vez ao ano, gente com fomes distintas, de diferentes paisagens geográficas e existenciais, compartilham uma febre que dura entre 4-5 dias. Temos levado adiante um mundo que não se sustenta somente através de fatos concretos, notícias, tratados, uma realidade supostamente apaziguada entre muitos. Há alguma coisa nas profundezas, e também na superfície da pele, nos detalhes, no chão, nas rachaduras, nos sonhos...
Que a literatura continue sendo por nós!
🌻🖤
Sobre minha participação, com "ENTRE A SAÚDE E A ASSISTÊNCIA" ( /FAPERJ):
Casa Poéticas Negras
Quinta 31/07 - 14h-16h e 19h30-21h.
Praça aberta
Mesa 04
Sexta 01/08 - 21h-22h.
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