26/06/2025
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Aspectos Históricos do Jardim Represa, no Batistini
No passado, a região do Jardim Represa e seus arredores era uma área integralmente rural, pouco habitada, situada na margem esquerda do Ribeirão das Lavras. O ribeirão era a principal referência da paragem na época de realização do registro de terras do Império (1), quando havia, por ali, os sítios de Antônio José da Silva e João Dias Fernandes. Já no início do século XX, eram proprietários naqueles arredores o produtor de carvão Joanin Marson e o negociante Carlos Falletti, que residia em Santo Amaro (2). Foi Falletti quem resolveu, por meio do Escritório Correia de Mello, sediado em Santos, abrir um grande loteamento em sua área de 1,6 milhão de m². Batizado de Jardim Represa, o local foi dividido, a princípio, em 996 lotes, de 800 m² em média, tamanho propício para instalação de casas de campo e chácaras de veraneio.
Em 3 de outubro de 1953, onze anos antes de o loteamento ser aprovado pela prefeitura, anunciava-se no jornal santista A Tribuna o início da venda de lotes (3). Os loteadores principiaram aí uma série de centenas de anúncios publicitários do Jardim Represa que realizaram até o início dos anos 60, a grande maioria nesse jornal, mostrando que seu público-alvo estava na baixada santista. A publicidade destacava suas características de veraneio, descrevendo-o como “o mais belo recanto para o seu fim de semana” e enaltecendo seus “bosques”, “nascentes ajardinadas, lagos” e seu suposto “clima de montanha, ameno, seco e saudável".
Um ônibus, saindo aos domingos do centro de Santos, foi disponibilizado para os potenciais compradores visitarem os lotes a partir de 1956 (4). Em alguns casos, as chácaras eram anunciadas já com edificações de 3 dormitórios construídas.
Em 1957, o loteamento contava com cerca de duas dezenas de chácaras com casas, concentradas mais nas proximidades da estrada Galvão Bueno. As ruas estavam parcialmente abertas, não seguindo totalmente o plano do loteamento original. No início do ano seguinte, foi inaugurada, com festividades, a Capela São Judas Tadeu, evento que foi anunciado em jornal pelos próprios loteadores (5). A capela se tornaria um dos principais pontos de referência locais.
Possivelmente, o primeiro estabelecimento comercial local, o bar e armazém que pertencia a Antonio Farias, se instalou lá no início dos anos 60. Situava-se onde hoje se encontra a Padaria Flor da Represa. Farias havia chegado à região em 1959, trabalhando inicialmente como caseiro em uma das chácaras das vizinhanças. Nessa época, os caseiros eram praticamente os únicos habitantes fixos — nos fins de semana, o movimento crescia com a chegada dos pescadores e dos donos das chácaras.
Em 1970, a ocupação por chácaras já havia aumentado bastante, por todos os lados do loteamento. Porém, logo a porção mais a leste seria afetada pela construção da Rodovia dos Imigrantes, que cortou a região, desapropriando terrenos e deixando vias como a Rua Manaus isoladas do outro lado do loteamento.
A passagem da rodovia impactaria significativamente a urbanização, influenciando especialmente o surgimento de núcleos de favelas em vários pontos do Jardim Represa. Somados, o número de habitantes desses núcleos cresceu de cerca de 700 moradores em 1978 para 1700 em 1982 e 4588 em 1990 (6). A quantidade de domicílios saltou de 300 em 1982 para 834 em 1990.
Para atender a essa população, aos poucos ali se instalou uma infraestrutura urbana e social: em 1986, foram inauguradas duas escolas públicas (a EMEI Cleia Maria Teures de Souza e a Escola Estadual Yvone Frutuoso Prodóssimo) e a iluminação pública a v***r de mercúrio chegou às suas ruas. Dois anos depois, entrou em funcionamento um posto de saúde , atual UBS, situado na Rua Irati. Nos anos 90, executou-se a pavimentação de diversas ruas.
Em 2006, as vias do Jardim Represa novamente sofreram desapropriações, devido à construção do Rodoanel Sul, que afetou partes das ruas Miracema, Luiz Vaz de Camões e Fagundes Varela.
Nos últimos anos, áreas dos núcleos subnormais do Jardim Represa têm passado por processo de regularização fundiária, com a entrega de escrituras de imóveis a famílias locais (7).
Pesquisa, texto e acervo: Centro de Memória de São Bernardo