30/05/2023
Tipos de acessibilidade
1. ACESSIBILIDADE ATITUDINAL
Esse tipo de acessibilidade se refere ao incentivo a percepções sem preconceitos, discriminações e estigmas. Ela é base para os demais tipos de acessibilidade, pois é necessário ter essa visão mais ampla para pensar em soluções e eliminar barreiras.
Para adotá-la, é importante que os próprios gestores institucionais tenham esse valor como parte da cultura, de modo a se transformarem em líderes inclusivos.
2. ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA E URBANÍSTICA
Promover acesso arquitetônico e urbanístico é eliminar barreiras físicas em edifícios, espaços, equipamentos urbanos, espaços privados e em vias abertas ao público. Isso abrange calçadas, espaços adequados em vagas e todos os ambientes internos de um prédio ou uma residência.
Nesse quesito, é importante contar com arquitetos e engenheiros, que têm a visão profissional desses aspectos, para que eles possam planejar melhor cada espaço.
Presença de rampas, banheiros adaptados, elevadores adaptados, piso podo tátil, inscrições em Braille nas paredes, entre outras.
A - ARQUITETÔNICA:
Medidas para garantir acessibilidade
Circulação de largura mínima de 90 cm e altura de 2,10 m.
Vãos de porta de no mínimo 80 cm e diâmetro de 1,50 m para manobras de cadeiras de rodas em 360º em qualquer ambiente.
Para conversões de 90º, os corredores devem ter 1,20 m de largura.
Elevadores e rampas
Mesmo que o local não contemple muitos andares, a inclusão de rampas, plataformas ou elevadores é imprescindível para que a locomoção seja facilitada. A ideia é que o piso seja nivelado e que degraus não impeçam o acesso aos locais.
Barras
As barras de apoio são alternativas de segurança para quem precisa de acessibilidade ou mobilidade, como idosos, deficientes físicos ou pessoas que estão em algum tratamento e apresentam dificuldade em se locomover. Podem ser instaladas em banheiros, corredores, quartos ou em qualquer outro local que seja necessário.
Revestimentos
Alguns tipos de revestimento de piso apresentam certo risco, principalmente em áreas úmidas, como banheiro e cozinha. A ideia é planejar os cômodos com pisos antiderrapantes a fim de evitar acidentes e escorregões. Evite pisos polidos ou de pedras. Se for necessário utilize piso podo tátil em locais onde há probabilidade de utilização por deficientes visuais, não esquecendo de acrescentar o acesso braille nas paredes e/ou portas de acesso aos banheiros
Iluminação
A automação é forte aliada de projetos que precisem de necessidades especiais. Adaptar sensores que acendem as luzes de forma simples é uma alternativa prática que evita algumas preocupações, no caso de deficientes com baixa visão e idosos.
B - URBANÍSTICA
Calçadas irregulares e/ou estreitas, sem continuidade, aclives e declives, degraus. Conscientização do entorno e construção de acessibilidades como rampas e acesso contínuo.
Semáforos inteligentes, placas de sinalização para travessias de deficientes e/ou pessoas com pouca mobilidade física. Pontos de ônibus com um mínimo de acessibilidade, informações importantes para deficientes visuais (braille), deficientes auditivos (escrita), deficientes físicos, acesso abaixo de 80 cm.
A inserção social é indispensável para que todo ser humano seja aceito como um integrante participativo na sociedade. Ter livre acesso ao espaço urbano é de fundamental importância para a pessoa com deficiência.
Disso depende o seu crescimento pessoal, político e social. A simples constatação de que existem barreiras arquitetônicas e ambientais já limita por si só, o espaço existencial da pessoa com deficiência, que f**a sem motivação para sair de casa e integrar-se na vida de sua comunidade.
3. ACESSIBILIDADE EM TRANSPORTES
Acesso a transportes públicos é outra questão a ser pensada. Os veículos devem facilitar o uso tanto de pessoas com deficiência quanto daquelas com mobilidade reduzida (idosos, gestantes, lactantes, mulheres com crianças no colo, obesos etc.). Rampas e assentos apropriados, por exemplo, são importantes.
Uma organização que preza por esse valor pode estabelecer contratos com empresas de transportes que respeitem as medidas que garantem a acessibilidade para ajudar na locomoção de funcionários.
4. ACESSIBILIDADE DIGITAL
Investir em acessibilidade digital é ter uma série de recursos que permitam não só a navegação em dispositivos digitais, mas também uma interação autônoma e de plena compreensão.
A cartilha da W3C Brasil fala mais sobre isso. Ela complementa esse conceito ao falar sobre percepção, entendimento e contribuição para a web — não apenas da perspectiva de pessoas com deficiência, mas também de idosos.
Esse tipo de acessibilidade é um desafio tanto para organizações públicas. Uma forma prática de implementá-la seria realizar um estudo com os colaboradores, de modo a identif**ar suas necessidades.
Nesse contexto, é importante, também, lembrar do acesso de frequentadores ao site. Assim, investir em ferramentas que eliminem barreiras digitais é fundamental.
Tecnologias assistivas
Na prática, dependendo do tipo de limitação que possuem, as pessoas utilizam tecnologias assistivas variadas para executarem tarefas. Elas vão das mais simples às mais complexas em seu dia a dia, inclusive no mundo digital.
Deficientes visuais, por exemplo, navegam por meio de softwares leitores de tela, que “narram” o conteúdo da página para eles. Já as pessoas deficientes auditivas, que utilizam Libras como seu primeiro idioma, geralmente têm dificuldade de compreender o português. Pessoas com limitações motoras severas, como tetraplégicos, navegam pela boca, pelos olhos ou por comandos de voz.
Quanto mais sentidos, mais acessível. Para criarmos conteúdos cada vez mais inclusivos, precisamos considerar que as pessoas acessam as informações por diferentes canais sensoriais, seja por conta de uma deficiência sensorial (como a visual e a auditiva) ou por conta de uma situação que causa deficiência sensorial (como o ciclista que tem a visão limitada ou uma pessoa em um show com música alta tem a audição limitada).
Para atender as necessidades desses diferentes públicos e ainda tornar a comunicação mais imersiva, a comunicação multissensorial é uma ótima solução. Vídeos com legendas, textos com áudios e imagens com áudios descrições são alguns exemplos de combinações. Se for possível o uso de mais de uma dessas plataformas combinadas, o conteúdo f**a mais inclusivo ainda!
Muitos perfis utilizam a hashtag antes da descrição nas legendas dos posts para alertar sobre a invisibilidade das pessoas cegas nas redes sociais.
A - Priorize o básico
Fontes serifadas podem até ser estilosas e dar um tom artístico para o texto, mas são difíceis de serem lidas por grande parte das pessoas com baixa visão e com deficiências visuais situacionais, como ler em um ambiente muito ensolarado. Assim como as serifas, as fontes cursiva e fantasia também não são uma boa escolha, inclusive para quem tem problemas na visão (quem tem astigmatismo deve compartilhar da mesma dor).
Quando pensamos em simplif**ar o texto para torná-lo mais acessível, também nos referimos à estrutura semântica e construção gramatical. Frases muito extensas, parágrafos com muitas linhas, uso da voz passiva e de figuras de linguagem são barreiras para a compreensão do conteúdo para muita gente. Tenha em mente: simples é melhor.
B - Alinhe os textos à esquerda
Muitas pessoas com deficiência intelectual têm dificuldade de leitura por meio dos blocos de texto justif**ados, devido aos espaços desiguais entre as palavras. Segundo os princípios de UX, priorizar o texto justif**ado à esquerda é uma maneira de garantir a legibilidade do conteúdo, ao facilitar a visualização para o maior número de usuários possível.
C - Opte sempre pelo contraste e pela visibilidade
Escolher as cores certas de textos, imagens, ícones e fundos é essencial para garantir a acessibilidade do conteúdo. Segundo as Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG) a recomendação é que a taxa de contraste seja no mínimo 4.5:1 para texto normal. Há inúmeros testadores de contraste gratuitos que podem te ajudar nesse trabalho.
Escolher as cores certas signif**a escolher cores visíveis para todas as pessoas. Nem todo mundo consegue perceber e distinguir todas as cores, como é o caso das pessoas com daltonismo, um distúrbio da visão que interfere na percepção das cores, principalmente vermelho e verde e, com menos frequência, azul e amarelo.
Outro fator essencial de acessibilidade para esse público é a combinação de elementos diversos: formas, ícones e cores para representar uma informação. Ou seja, nunca restringir a informação à cor, como usar o verde para sinalizar algo positivo e vermelho para sinalizar algo negativo.
Em resumo, não confie em uma cor para passar alguma informação importante e aposte sempre em um bom contraste entre cores e elementos.
D - Crie vínculos acessíveis
É comum para muita gente a navegação na web por meio do mouse, mas não para todo mundo: pessoas com problemas motores e usuários com deficiência visual, que utilizam leitores de tela, fazem a navegação com a tecla TAB do teclado pelos elementos ativos de uma página.
Um desses elementos é o link, uma referência de dados muito utilizada em estratégias de SEO e que pode ser acessada pelos leitores de tela, desde que seja acessível. E como fazer um link com acessibilidade?
Ele precisa ser claro, descritivo e indicar o conteúdo de seu destino. O ideal é utilizar expressões compreensíveis mesmo fora do contexto, por exemplo: “Acesse o site (nome do site)”, “Saiba mais no portal (nome do portal)” ou o próprio título do conteúdo, como “Kit de Conteúdo”.
5. ACESSIBILIDADE COMUNICACIONAL
A acessibilidade comunicacional, por sua vez, está relacionada ao oferecimento de recursos e atividades que promovam a independência no acesso a qualquer conteúdo. Isso inclui legendas, áudios, descrições, Libras, braile.
Existem diversas ferramentas que podem auxiliar nesse sentido. A SignumWeb, por exemplo, é uma plataforma que pode tornar o seu site acessível ao surdo. Além disso facilita reuniões por videoconferência para pessoas surdas, de modo a promover mais liberdade e inclusão a todos.
Preocupar-se com os tipos de acessibilidade é essencial para qualquer organização, e a tendência é que a inclusão se torne cada vez mais parte da nossa realidade. Assim, quem estiver preparado para adaptações, além de poder contribuir para um mundo melhor, terá mais chances de sobreviver no mercado.
As barreiras atitudinais
Qualquer deficiente pode ser um indivíduo esperto, curioso e proativo. Por isso, busca estudar e se formar. Sabe que tem capacidade para ser um bom profissional, mesmo diante do seu problema. Contudo, essa trajetória não é nada fácil, pois enfrenta muitos preconceitos, é discriminado e até mesmo humilhado.
Nos locais onde trabalha, normalmente, sua função não corresponde ao conhecimento adquirido na sua formação. Ele sempre será contratado apenas para que as empresas cumpram a lei de cotas. Desta forma, é colocado, por exemplo, para montar caixas, limpar restos das colas nos calçados e outras atividades desse tipo e, ainda, com baixa remuneração. Desse jeito, por mais que acredite no seu potencial, suas forças se reduzem para lutar contra essas injustiças.
Isto acontece porque as empresas não são estruturadas e nem os gestores têem consciência das condições profissionais e intelectuais das pessoas com deficiência. A equipe de RH sempre realiza palestras, treinamentos e cursos para os funcionários, sem a presença de um intérprete de Libras ou audiodescrição. Eles também passam vídeos sem a janela da língua de sinais ou audiodescrição das imagens. Enfim, poucos funcionários interagem com o deficiente, porque acreditam que a comunicação é difícil.
Uma ideia é orientar e explicar, a situação dos PCDs, de como os espaços e empresas devem agir, as barreiras de acessibilidade para derrubar as barreiras atitudinais que não são poucas.
Benefícios da inclusão
Incentivar a inclusão social, conscientizando os colaboradores a respeitarem as limitações de cada pessoa, a aceitarem aqueles que são diferentes na cultura, no físico, no intelecto, no financeiro e no social. Esse ambiente laboral agregador potencializa os resultados de um equipamento público ou empresa.
Treinamentos com tecnologias assistivas como a audiodescrição para deficientes visuais e com a plataforma SignumWeb, que chama um intérprete virtual nos dias de treinamento, permitindo a livre comunicação entre o palestrante e o colaborador deficiente auditivo. Além de usar essa plataforma nos momentos que se fizerem necessárias as interações comunicativas, quando não contam com colegas que sabem Libras. Isso gera autonomia e qualidade na comunicação.
É necessário entender que as barreiras atitudinais motivam o preconceito. Elas não deixam as pessoas verem que as necessidades das pessoas com algum tipo de deficiência são diferentes.
Na verdade, cada pessoa, com ou sem deficiência aparente, tem a sua história, suas potencialidades e limitações. Por isso, conviver, dialogar e incluir PCDs ao cenário laboral é valorizar a todos sem distinção.
Líderes inclusivos
Ser um líder inclusivo é fundamental para garantir a integração entre os diferentes colaboradores que compõem o ambiente de trabalho. Até porque é preciso aprender a administrar e a potencializar um time diverso a fim de não perder os talentos da empresa.
Isso também é essencial para tentar construir companhias e sociedades mais justas, igualitárias e sustentáveis, valorizando pessoas com deficiências, negros, mulheres, LGBT’s e indivíduos de diferentes culturas.
Um líder inclusivo tem, entre outras atribuições, a função de melhorar o ambiente social e corporativo. Assim, ele sabe como lidar com pessoas diferentes para promover o bem-estar e os melhores resultados na sociedade ou em uma empresa. Afinal, apesar dos desafios que a sociedade impõe, é preciso, mais do que nunca, trazer para dentro do mercado os indivíduos que geralmente não são representados.
Quanto às características de um líder inclusivo, destacamos a valorização das diferentes crenças, valores e estruturas sociais que compõem a realidade dos colaboradores. Além disso, é fundamental ser dedicado para entender e desconstruir a imagem que tais pessoas recebem quando são inseridas no meio social.
Hoje em dia, no entanto, é viável resgatar dados estatísticos e quebrar uma série de paradigmas, construindo novos entendimentos e conceitos. O líder, nesse caso, deve ser empático e proporcionar um ambiente de diálogo, em que seja possível assumir novas práticas de ação. Também deve ter iniciativa para tornar a presença de diferentes grupos de pessoas muito mais aceita na sociedade como um todo.
1 - Deixe as regras claras
Qualquer tipo de equipamento público e/ou empresa deve contar com regras culturais, inclusive as que reúnem indivíduos de diferentes contextos. Por isso, mesmo que pareçam óbvias, o líder deve deixar tais regras bem claras para que todos os colaboradores entendam a sua importância e, também, a necessidade de segui-las para o bem-estar geral no ambiente.
2 - Tenha naturalidade e respeito
Um líder inclusivo deve ser despretensioso para compreender a diversidade de crenças, valores, normas e costumes que são importantes para cada indivíduo na empresa. Por exemplo, o ideal é evitar fazer muitas suposições quando um determinado sujeito apresenta um resultado abaixo do esperado e não atinge determinadas expectativas. É essencial sempre buscar o real motivo de uma situação.
3 - Promova a inteligência cultural
Outro importante papel do líder inclusivo é promover a inteligência cultural dentro do local onde está inserido. Em vez de simplesmente ignorar ou fingir que as diferenças não estão presentes, pode, por exemplo, oferecer cursos voltados à capacitação dos colaboradores, para que estejam cientes das qualidades únicas de cada indivíduo apresenta.
4 - Crie um ambiente seguro
O espaço deve, antes de mais nada, transmitir a sensação de segurança, até porque orientação sexual, cultura, deficiência física e práticas religiosas distintas promovem diferentes níveis de acesso e privilégios. Os líderes, nesse sentido, devem reconhecer que os frequentadores apresentam considerações variadas sobre os aspectos cotidianos. Por exemplo, o simples ato de andar pelo na rua à noite pode ser considerado perigoso para algumas pessoas.
5 - Não negligencie as pequenas coisas
Ao presenciar qualquer indivíduo sendo rude ou preconceituoso, é preciso dialogar e explicar que a diversidade deve ser respeitada acima de tudo. Nisso, podem ser incluídas as piadas homofóbicas, racistas ou machistas, tão comuns no meio social.
Via Meic/dh Movimento Estadual de Inclusão e Cidadania - Direitos Humanos