15/08/2025
Café: a alavanca que move a economia e celebra a resiliência do agronegócio mineiro
Minas Gerais, 15 de agosto de 2025
O cheiro do café recém-colhido paira no ar das montanhas mineiras, sinalizando o fim de uma safra desafiadora, mas surpreendentemente robusta.
Longe de ser um ano de "descanso", a safra de 2025/26 se consolida como um dos pilares do crescimento do agronegócio nacional, com Minas Gerais reafirmando seu protagonismo absoluto como o maior produtor do Brasil.
A cafeicultura, mesmo em meio à bienalidade negativa, provou ser a grande alavanca que impulsionou o PIB do setor, gerando receitas recordes e superando as expectativas do mercado.
O cenário era incerto. Com estoques globais em baixa e a safra de café arábica em um ciclo de bienalidade negativa, muitos temiam uma crise de oferta.
No entanto, a força do setor brasileiro, capitaneada pelos produtores mineiros, mostrou-se mais forte.
Colheita Avançada: ritmo acelerado e resultados mistos
A colheita brasileira da safra 2025/26 alcançou 94% de conclusão, segundo dados da consultoria Safras & Mercado, um ritmo superior à média histórica. No entanto, o desempenho foi uma história de dois cafés:
Arábica: O carro-chefe da produção mineira, teve um rendimento abaixo do esperado em algumas regiões. "O rendimento está menor do que esperávamos, o que reflete as condições climáticas desafiadoras que tivemos na época da florada", relata uma fonte do Cepea.
Conilon: A estrela da safra, com uma alta produtividade que ajudou a compensar a queda no arábica. Os estados do Espírito Santo e de Rondônia foram cruciais para essa performance, garantindo que o Brasil não perdesse fôlego na oferta.
Preços em alta e o impacto na economia
A grande notícia para os produtores é a valorização do produto. A combinação de estoques globais baixos e a demanda aquecida tem mantido o preço do café em patamares elevados. A saca de café arábica superou a marca de R$ 1.890, com algumas praças chegando a mais de R$ 2.000, uma benção para a receita dos produtores rurais.
Essa valorização garantiu que o setor de café não fosse apenas um coadjuvante. Ele se tornou uma alavanca para o PIB do agronegócio. A receita bruta dos cafés do Brasil deve atingir um valor recorde, estimado em R$ 123,28 bilhões em 2025, de acordo com análises do mercado.
Outros pilares do agronegócio nacional
Embora o café seja um dos grandes protagonistas, o agronegócio brasileiro se sustenta em uma base diversif**ada de produtos. Além do grão, outros setores impulsionaram a economia:
Soja:
A líder inquestionável. Com uma supersafra, a soja garantiu que o Brasil continuasse sendo o maior produtor e exportador do mundo, com uma demanda global aquecida.
Milho: Teve uma produção recorde que impulsionou o mercado interno e as exportações, consolidando-se como um dos principais grãos do país.
Carnes: As exportações de carne bovina, de frango e suína continuam fortes, com o Brasil sendo um grande fornecedor mundial de proteína animal.
Algodão: Com uma safra recorde e um volume de exportação impressionante, o algodão se firmou como uma cultura de grande valor agregado.
Cana-de-açúcar: O setor sucroenergético mantém sua importância, tanto na produção de açúcar quanto na de etanol, um pilar sólido da economia agrícola.
O café mineiro e a conquista dos mercados internacionai
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, responsável por cerca de 38% de toda a produção global. O café brasileiro, com sua alta qualidade e diversidade, encontra seu caminho para os maiores consumidores do planeta.
De janeiro a julho de 2025, os principais destinos das exportações foram: Estados Unidos: Principal cliente, com cerca de 16,8% do volume exportado.
Alemanha: Grande importadora na Europa, com aproximadamente 12,7% do total.
Itália: Conhecida por sua cultura cafeeira, a Itália absorve cerca de 6,2% da nossa produção.
Japão: Um dos principais mercados na Ásia.
Bélgica: Porta de entrada e importante centro logístico para a Europa.
O sucesso nas exportações de café arábica, que representa 81% do total, e o crescimento do café conilon e do café solúvel mostram a capacidade do Brasil de se adaptar e atender diferentes demandas globais, fortalecendo sua posição no mercado.
O futuro da cafeicultura mineira
Para o futuro, a palavra-chave é resiliência. Os produtores mineiros e brasileiros estão se adaptando às mudanças climáticas e às dinâmicas do mercado global. A expectativa é que os preços do café permaneçam em patamares elevados no próximo ano, mas com oscilações. A boa gestão da safra, o investimento em tecnologia e a busca por qualidade serão os diferenciais para que o café brasileiro continue sua trajetória de sucesso.
O PIB do agronegócio, impulsionado pelo café e outras culturas, mostra que, mesmo diante de incertezas, o setor se mantém forte e vital para a economia do Brasil.