01/04/2025
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Crise da cultura: contradições na gestão de recursos públicos em Maricá
Por Marco Speziali
A cultura, um dos pilares fundamentais da identidade nacional, enfrenta um momento crítico em Maricá e em diversas cidades brasileiras. Artistas e produtores culturais se veem em uma situação alarmante, onde a falta de recursos e a desorganização nos processos de execução de editais criam um cenário desolador, colocando em xeque a continuidade de projetos e a sobrevivência do setor.
Nos últimos anos, as políticas culturais, especialmente a Política Nacional de Apoio à Cultura (PNAB), têm sido alvo de críticas contundentes. Criada com a promessa de revitalizar a cultura no país, a PNAB não apenas falhou em atingir suas metas, como também se tornou um símbolo de fragilidade e descontentamento entre aqueles que dependem dela. Com uma taxa de utilização de apenas 82% dos recursos disponíveis, conforme dados recentes, a realidade em Maricá é ainda mais preocupante. O município devolveu 23,7% dos recursos, enquanto a execução de projetos se estagna.
Artistas e produtores, frequentemente pressionados por um sistema que parece ignorar suas necessidades, têm aceitado condições precárias, vivendo em um ciclo de dependência e passividade. “Aceitamos migalhas e não sabemos nos mobilizar”, desabafa um representante do setor, ecoando um sentimento compartilhado por muitos. A flexibilização constante das regras pelo Ministério da Cultura (MINC) apenas exacerba a situação, levando a um cenário onde o prazo para a utilização dos recursos se estende indefinidamente, criando um ambiente propício para a inação.
A atual gestão da Secretaria de Cultura e das Utopias de Maricá, sob a liderança de Sady Bianchin, enfrenta um dilema. Embora não seja o único responsável pelo retrocesso da PNAB e do Proac, a sua decisão de embarcar em uma viagem ao exterior em um momento crítico levanta questionamentos sobre seu compromisso e sua capacidade de liderar. “Boas intenções não bastam”, afirmam críticos, indicando que é essencial cercar-se de pessoas competentes e comprometidas, a fim de evitar a repetição dos erros do passado.
A insatisfação se intensifica à medida que eventos programados são desmarcados e os artistas se veem sem garantias de pagamento. O medo da retaliação e a pressão para se conformar com um sistema falho estão enraizados, dificultando a cobrança efetiva por parte dos envolvidos. “Estamos apenas assistindo a um cenário que se deteriora, enquanto aqueles que são contra a cultura ganham força para cortar os recursos”, alerta um ativista cultural.
Diante desse panorama, a necessidade de um posicionamento firme e de uma mobilização efetiva se torna cada vez mais urgente. A criação de fóruns e conselhos, embora positiva, deve ser acompanhada de ações concretas que desafiem a opacidade na gestão dos recursos e promovam uma cultura de transparência e responsabilidade.
Maricá, assim como outras cidades, enfrenta um desafio monumental: transformar a cultura em prioridade e assegurar que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficaz e eficiente. A comunidade cultural, unida e bem informada, pode ser a chave para reverter essa situação, mas apenas se estiver disposta a lutar por seus direitos e a exigir mudanças significativas.