26/10/2025
Fui menina correndo pra virar mulher,
sem entender o peso do que eu ia ser.
Aprendi cedo a calar pra não doer,
fiz abrigo no peito pra poder me proteger.
Carreguei mundos que não eram meus,
virei ponte quando só queria um “adeus”.
Colei sorrisos sobre rachaduras,
pra disfarçar as minhas fissuras.
Mas a alma sempre sabe o caminho,
mesmo quando o corpo caminha sozinho.
E um dia o espelho me contou baixinho:
“Você não se perdeu, só se escondeu de si.”
Tô voltando pra casa, pra dentro,
onde mora o silêncio e o recomeço.
Reaprendo a ser inteira sem ser dura,
abraço as feridas com ternura.
Tô voltando pra casa, despida,
sem medo do tempo, nem da vida.
Vejo luz no reflexo e enfim entendo,
a paz que eu buscava, tava me esperando por dentro.
Já me doei sem sobrar pra mim,
acreditei que amar era sempre o fim.
Mas há beleza no que se quebra,
porque o amor renasce onde a dor desespera.
Levo comigo a chama discreta,
da fé pequena que nunca se nega.
Hoje caminho sem pressa nenhuma,
porque me encontrei em meio à bruma.
Tô voltando pra casa, pra dentro,
com o coração mais leve, mais atenta.
Com cicatrizes que viraram medalhas,
de batalhas que fiz em silêncio.
Tô voltando pra casa, sem disfarce,
me refazendo em cada parte.
No espelho, vejo uma nova mulher,
com a alma livre do que não era fé.
Não preciso ser forte o tempo inteiro,
basta ser verdadeira.
Posso ser mar e calmaria,
chuva, fogo e poesia.
Tô voltando pra casa, pra mim,
num passo leve, mesmo assim.
Quem olhar nos meus olhos vai entender:
o que um dia doeu, hoje me faz crescer.
Continua...