19/09/2025
Os trabalhadores resgatados, na segunda-feira (15), de condições análogas à escravidão relataram as dificuldades que passavam em uma fazenda isolada de Nova Maringá, a 392 km de Cuiabá, onde trabalhavam.
Ao todo, 20 trabalhadores foram retirados do local. Na operação, um trabalhador contou que o grupo se alimentava de açaí, mandioca e patuá, e às vezes pescava para ter alguma proteína. Nos últimos 25 dias, eles relataram que não receberam nenhum pagamento.
“A gente dormia no meio do mato para não passar calor dentro da lona”, disse.
Em outro momento, ele mostra que o grupo bebia água do rio e, também, usavam como banheiro em outro ponto da área.
“Às vezes o rio quase secava, porque faltava chuva.. Se tivesse vindo ontem, vocês iam ver como estava. Mas choveu”, relatou.
A operação
Dos 20 trabalhadores, 16 estavam sem registro formal e recebiam apenas por produção, sem um salário fixo.
Os outros quatro, embora estivessem registrados, recebiam na carteira de trabalho somente 30% do salário, com os 70% restantes da remuneração sendo pagos “por fora” e também vinculados à produção.
Segundo o MTE, o local onde os trabalhadores estavam era de difícil acesso, isolado e sem qualquer meio de transporte público ou particular disponível. A cidade mais próxima ficava a 120 km de distância, o que tornava ainda mais complicada qualquer tentativa de deslocamento.
Essa condição de isolamento geográfico, aliada à informação de que os trabalhadores não possuíam dinheiro ou recursos para deixar o local por conta própria, foi um dos principais fatores que caracterizou a situação como trabalho análogo à escravidão, já que, na prática, eles estavam impedidos de ir embora, mesmo que quisessem.
Quatro trabalhadores estavam confinados em um contêiner sem ar-condicionado, sem camas, roupas de cama ou armários. O ambiente era de extrema desordem e total falta de higiene, segundo a auditoria fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego.