18/10/2025
Ilha de Fyn, Dinamarca, 16 de julho de 1982.
Era uma manhã de verão sufocante, o tipo de amanhecer que parece segurar segredos nos bolsões de névoa. O sol mal despontava no horizonte, e o relógio marcava 4h30. Um garoto de 15 anos pedalava sua bicicleta por uma estrada deserta, rumo ao seu trabalho de verão em um centro de jardinagem em Broby. O silêncio era quase palpável, quebrado apenas pelo ranger dos pneus no asfalto. Ele não sabia que estava prestes a cruzar o limiar do comum para o desconhecido.
Ao contornar uma curva sinuosa, algo chamou sua atenção. A uns 50 ou 60 metros, no meio de um campo de ervas altas, um brilho estranho pulsava, como se o próprio ar estivesse vivo com luz. O garoto freou bruscamente, o coração disparando. Desmontou da bicicleta, os olhos fixos naquela anomalia que desafiava a lógica. Cautelosamente, ele se aproximou, o capim roçando suas pernas como dedos invisíveis. O que viu o fez congelar: um objeto metálico, com a forma de dois pratos de sopa empilhados, brilhava com uma intensidade sobrenatural. Tinha cerca de 3 metros de diâmetro e 2 metros de altura, pairando sobre o solo como se zombasse da gravidade.
Mas o que veio a seguir transformou sua curiosidade em um arrepio gelado. A poucos metros do objeto, ele avistou *eles*. Quatro figuras pequenas, com não mais de 60 centímetros de altura, moviam-se pelo campo com bolsas escuras nas mãos, coletando algo — talvez terra, talvez ervas, quem poderia saber? Pareciam deslizar sobre o capim, como se o chão sob seus pés fosse apenas uma sugestão. Um quinto ser, postado diante de uma escotilha aberta na lateral do objeto, observava os outros. A escuridão dentro da escotilha engolia a luz, um vazio que parecia sugar até mesmo a coragem do garoto. Ele tentou distinguir detalhes: cabeças grandes, orelhas pontudas, pele de um cinza-branco ou amarelo pálido, difícil de precisar na penumbra. Seus corpos, com peitos largos e pernas curtas, estavam envoltos em macacões cinza ou prateados, cinturados por faixas escuras.
De repente, o ar ficou pesado. O líder, aquele junto à escotilha, virou-se abruptamente, como se pressentisse a presença do intruso. Seus olhos, se é que tinha olhos, fixaram-se no garoto. O tempo parou. Então, como se obedecendo a um comando silencioso, as quatro figuras correram para a nave, desaparecendo pela escotilha. Um zumbido agudo cortou o silêncio, crescendo em intensidade. O brilho do objeto tornou-se cegante, forçando o garoto a erguer os braços para proteger os olhos. Com um silvo que parecia rasgar o tecido da realidade, a nave ascendeu, passou sobre as linhas de energia e disparou rumo ao sudeste, na direção de Odense, até sumir no céu como um espectro.
Atordoado, o garoto caminhou até o local onde o objeto esteve. A erva estava amassada, como se algo pesado a tivesse esmagado. Não havia marcas de pegadas, nem rastros de pneus, apenas aquele círculo perturbador no campo. Ele correu para o trabalho, a mente em turbilhão, e relatou tudo ao chefe. A resposta foi um riso descrente: “Você ainda não acordou, garoto.”
Quase um ano depois, na primavera de 1983, quatro investigadores da SUFOI chegaram ao local. O campo, agora coberto por cevada recém-plantada, não guardava mais vestígios do ocorrido. Eles interrogaram o garoto, cujas respostas vinham rápidas, confiantes, sem contradições. Ele não parecia buscar atenção, nem sonhava acordado, segundo os pais. Mas algo intrigava: ele se recusou a permitir que os investigadores contatassem seu chefe. Medo de parecer estranho? De perder futuras oportunidades de trabalho? Ou havia algo mais que ele não queria revelar?
Os investigadores conseguiram estimar a data do avistamento como 16 de julho, baseando-se nas descrições do clima e nas conversas com os pais. A altura dos seres, cerca de 60 centímetros, parecia consistente com o relato. No entanto, o caso permanecia envolto em sombras. O que aqueles seres coletavam? De onde vieram? Para onde foram? Até hoje, o mistério da ilha de Fyn resiste, um enigma sussurrado pelo vento, sem respostas, apenas perguntas que ecoam no vazio.