03/07/2025
SECRETÁRIO DE TRANSPORTES DO RJ, WASHINGTON REIS É EXONERADO PELO GOVERNADOR EM EXERCÍCIO, BACELLAR, DURANTE VIAGEM DE CASTRO
O secretário estadual de Transportes, Washington Reis, foi exonerado do cargo nesta quinta-feira (3) no primeiro ato oficial do governador em exercício, Rodrigo Bacellar.
A demissão foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial do Governo do Estado, após atritos entre o deputado Bacellar — presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e pré-candidato ao governo do estado — e Reis, que tem se aproximado publicamente do prefeito do Rio, Eduardo Paes, possível adversário de Bacellar nas eleições de 2026.
O governador em exercício assumiu o cargo com uma viagem de Cláudio Castro ao exterior. Ele é o primeiro na linha sucessória desde o mês de maio, quando o vice Thiago Pampolha foi nomeado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), em uma manobra costurada para dar visibilidade ao presidente da Alerj.
Washington, embora ocupasse um cargo no governo estadual, tem sinalizado a aliados que pode se lançar como candidato em uma chapa de oposição — ao lado de Eduardo Paes. Recentemente, ele apareceu ao lado do prefeito em agendas públicas e postagens nas redes sociais.
''Insubordinado', diz Bacellar
Em entrevista a imprensa, Bacellar disse que Reis é "insubordinado" e que precisa ter diálogo com o secretário.
secretário.
"O motivo é bem simples: eu não posso ter como secretário um secretário que é insubordinado a mim, mal fala comigo. Uma vez assumindo esse posto aqui, preocupado inclusive com o RJ, você imagina só: um acidente agora, por exemplo, na Supervia, nas linhas de trem, e eu não consigo falar com o secretário porque ele é insubordinado a mim, mal fala comigo? Então, não restou outra alternativa senão excluí-lo do governo.”
O presidente da Alerj afirmou que Castro, que viajou horas antes do anúncio da decisão, não sabia que Bacellar iria demitir Reis.
“De forma alguma. Eu tenho uma relação com Cláudio completamente de liberdade, ele sabe disso. Fui convidado por ele a seguir com o governo no ano que vem, já é normal que a gente estar trabalho uma transição de quem f**a e quem vai sair. É natural que o governador me dê liberdade para atuar, e é com essa liberdade que eu tomei essa decisão única e exclusivamente deliberada, de minha responsabilidade.”
'Falei que não iria apoiá-lo', diz Reis sobre eleição
Também ao RJ, Reis disse que a decisão não tem valor e que Bacellar a tomou para "aparecer" e disse que ouvir de Castro, na noite de quarta-feira (2), que não seria demitido.
“O governador falou: 'Washington Reis, f**a tranquilo, vai trabalhar'. E não foi surpresa esse comportamento. Até porque essa assinatura dele não tem valor nenhum. Ele não foi eleito, ele não é governador. O governador está voltando na segunda-feira, tenho uma ótima relação como governador. Ele fez para aparecer. Se ele botasse uma melancia no pescoço, seria até mais plausível."
Reis afirmou que negou apoio à candidatura de Bacellar ao governo em 2026 e que isso teria motivado a exoneração.
"Desde a primeira hora, quando ele lançou essa aventura dele, esse sonho (...), ele me convidou para um café, eu falei que não iria apoiá-lo porque eu tenho meus projetos políticos e sempre time minhas restrições ao nome dele politicamente prum cargo de... O cargo que ele já exerce na Assembleia Legislativa já é um cargo muito importante, que ele não tem tamanho para ele estar naquele cargo. Esse rapaz tem sido uma vergonha, uma chacota à frente da Assembleia Legislativa. Mas o tempo dirá. Política é assim mesmo.”
Bate-boca na Alerj
Na última segunda-feira, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), comandada por Bacellar, aprovou a convocação de Reis para prestar depoimento em comissões da Casa, sobre o aumento das passagens do Metrô no início do ano. A convocação, aprovada por 39 votos, foi questionada pelo irmão do agora ex-secretário, o deputado Rosenverg Reis (MDB), o que gerou um bate-boca entre ele e Bacellar
Rosenverg Reis reagiu, afirmando que orientará o irmão a não comparecer. A sessão foi marcada por bate-boca:
"Vou encaminhar pro secretário Washington Reis não vir, vou encaminhar. E como o senhor, que comanda mesmo o estado, que comanda mesmo o estado, eu acho...", disse Rosenverg, que foi interrompido.
"O senhor está falando dirigido para mim", perguntou Bacellar.
Roserverg confirmou: "Sim, senhor, também".
Bacellar respondeu: "Pode instruir o seu irmão da maneira que lhe couber. Acabou o tempo de você achar que o seu irmão manda no estado do Rio".
No decreto que determina a exoneração de Reis, Bacellar também exonerou Kennedy de Assis Martins do cargo de Presidente do Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Rio de Janeiro (IPEM-RJ).
Reis atualmente é inelegível por causa de uma condenação por crime ambiental quando era prefeito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O Ministério Público Eleitoral afirma que um loteamento irregular foi construído na reserva biológica do Tinguá, graças à ação do político, que era prefeito.Parte dos terrenos foi comprada pelos irmãos do prefeito, o deputado federal Gutemberg Reis e o deputado estadual Rosenverg Reis.
Semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sugeriu ao relator do caso, ministro Flávio Dino, que o ex-prefeito de Duque de Caxias seja beneficiado com um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), a pedido da defesa.
O ANPP é um instrumento previsto no Código de Processo Penal que permite ao Ministério Público propor um acordo ao investigado, encerrando o processo sem a necessidade de julgamento, desde que cumpridas determinadas condições.
Gilmar Mendes destacou que a reparação do dano ambiental, no caso de Washington Reis, poderia ser uma das exigências para a celebração do acordo. Segundo o ministro, a medida contribuiria para uma “restauração mais efetiva” e ajudaria a resolver um processo que, nas palavras dele, é “permeado por fortes controvérsias”.
Caso o acordo seja aceito, Washington Reis deixaria de ser considerado inelegível. A condenação foi o que impediu sua candidatura como vice-governador na chapa de Cláudio Castro nas eleições de 2022. Apesar da decisão judicial, Reis acabou assumindo o cargo de secretário estadual de Transportes do Rio de Janeiro.
Fonte: G1