20/02/2025
PARAGUASSU
"O CANTOR DAS NOITES ENLUARADAS"
Roque Ricciardi, o Paraguassu, nasceu em São Paulo/SP, em 25 de maio de 1894, e faleceu em 05 de janeiro de 1976.
Primeiro filho brasileiro de um casal de imigrantes italianos, nasceu no Belenzinho (tradicional bairro paulistano de imigrantes italianos).
Foi aprendiz de tipógrafo e ferreiro. Aprendeu rudimentos de violão com seu vizinho, de nome Antonio Russo, e já aos 12 anos de idade apresentava-se em bares onde tocava violão e cantava em troca de gorjetas.
No início da carreira ainda usava seu nome de batismo, mas aborrecido de tanto ser chamado de "Italianinho do Brás", apesar de só cantar músicas brasileiras, optou então por um nome bem brasileiro: "Paraguassu", de origem tupi, onde "para" signif**a mar e "guassu" signif**a grande.
Já era um seresteiro muito solicitado no bairro do Brás, mas estreou profissionalmente em 1908, em um café cantante chamado "Parisien", ganhando cinco mil réis por noite. No café conheceu o palhaço-cantor Eduardo das Neves, que o convidou a participar de um festival por ele promovido no Circo Spinelli, em 1909.
Formou um conjunto musical em que atuava como vocalista ao lado do cantor Caramuru (Belchior da Silveira), acompanhados pelos violões de Canhoto (Américo Jacomino) e Luís Miranda. Exibiam-se no Bresser, barracão de zinco situado na rua do mesmo nome, ainda no bairro do Brás.
Em 1912, gravou seu primeiro disco com "Madalena" e "Mágoas", ambas de sua autoria.
Em 1921 foi apresentado a Catulo da Paixão Cearense, e cantou para ele a modinha "Palma de Martírio", de Anacleto de Medeiros e Catulo da Paixão Cearense.
O poeta ficou sendo seu admirador, e escreveu-lhe os seguintes versos: "Qual seria o anel do cantor como tu, Paraguaçu? Como tu, cantor do amor? Esse anel seria uma saudade brilhante, ou melhor, uma saudade cantando na gravação de uma dor".
O nome Paraguassu foi sugerido por Catulo da Paixão Cearense.
Em 1923 foi inaugurada a Rádio Educadora Paulista, no Palácio das Indústrias, e Paraguassu foi o primeiro artista contratado da emissora. Foi acompanhado pelo Trio Bandeirante, integrado por Alberto Marino, Ernesto Bevilacqua e Artidoro Pigati.
Três anos mais tarde, acusado de plagiar a valsa "A Pequenina Cruz de Teu Rosário", de Fetinga e Fernando Weyne, submeteu-se a uma ação judicial que repercutiu por todo o país, comprovando-se o plágio que havia sido por ele gravado como "Cruz do Rosário".
Entrou para a Colúmbia em 1927 e vários de seus sucessos como "Madalena" tiveram o acompanhamento de Canhoto.
Gravou em 1927, a modinha "Berço e Túmulo", de sua autoria, e cantou "Bem-Te-Vi", no filme do mesmo nome dirigido por Victor Del Picchia, que seria gravada em 1929, e tornou-se um dos grandes sucessos do cantor.
Em 1929 lançou o samba "Siá Maria" e a embolada "A Juriti", de sua autoria, e gravou a modinha "Casinha Pequenina", de domínio popular, para a qual fez os arranjos.
Participou da Série Caipira de Cornélio Pires, em que gravou, sob o pseudônimo Maracajá, "A Encruziada" (Angelino de Oliveira) e "Cantando o Aboio" (Angelino de Oliveira e Cornélio Pires).
Participou dos cinco primeiros filmes falados brasileiros: "Acabaram-se os Otários", de Luis de Barros, em 1929, "Campeão de Futebol", em 1931, de Genésio Arruda, "Coisas Nossas", em 1931, dirigido por Wallace Downey com Procópio Ferreira e Sebastião Arruda, "Mágoa Sertaneja", com Batista Júnior e "Fazendo Fita", de 1935, com Alberto Marino, Alzirinha Camargo, entre outros.
Organizou o Conjunto Verde e Amarelo, que integrado por José Sampaio e Pilé, nos violões, Fernando Chaves, no bandolim, Veríssimo e Atilio Grany, nas flautas e Garoto no banjo, o acompanhava na maioria de suas gravações.
Em 1936 gravou de Angelino de Oliveira a canção "Lua Cheia" e de Catulo da Paixão Cearense a canção "Luar do Sertão" e a toada "Poeta do Sertão".
Em 1937 gravou com Roberto de Andrade os Marabás "Tabajara", parceria com Roberto de Andrade e "Acalanto Negro", de Roberto de Andrade, e lançou a toada "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira que se tornaria um clássico da música sertaneja.
Em 1938 gravou as valsas "Rutilante Estrela" e "Já Tens um Novo Amante", de sua autoria, e gravou também, de sua parceria com Ariovaldo Pires, o Capitão Furtado, a rancheira "Natal dos Caboclos".
Em 1945 lançou a modinha "Perdão Emília", de motivo popular, seu último grande sucesso e a toada canção "Mentirosa", de sua autoria. Em 1949 compôs com Mário Zan a valsa "Minha Última Serenata".
Ficou conhecido como o "Cantor das Noites Enluaradas".
Publicou quatro livros: "Lira do Paraguaçu", "O Cantor das Noites Enluaradas", "Cancioneiro do Brasil" e "Buquê de Rimas".
Paraguassu é ainda autor de vários métodos de violão, alguns vendidos até os dias de hoje.
No carnaval de 1953, conquistou o primeiro e o segundo lugares no Concurso da Prefeitura de São Paulo, com os sambas "Vagabundo" e "Saberei Me Vingar".
Em 1958, comemorando seu Jubileu de Ouro, gravou o LP "Mágoa de um Trovador", com 11 composições suas.
Em 1960, a Musicolor relançou gravações originais da Colúmbia de 1930 a 1937. Em 1969, gravou na Fermata o LP "Canção de Amor", com antigos sucessos acompanhado pelo regional de Carlinhos Mafasoli.
Foi o primeiro cantor paulista a alcançar renome nacional, sem ter se transferido para o Rio de Janeiro.
Em 01 de julho de 1974 foi o convidado da edição do programa MPB Especial, com produção e direção de Fernando Faro e direção de TV de Dorival Dellias.
Paraguassu sempre residiu no bairro do Brás, na capital paulista, e ali veio a falecer aos 86 anos, em 05 de janeiro de 1976.
Texto: Sandra Cristina Peripato/Recanto Caipira