03/09/2025
A Mulher dos Passos Molhados
Tudo começou como um murmúrio abafado entre vigias noturnos de hospitais antigos, um boato sussurrado nos corredores desertos.
Diziam que ela aparecia sempre depois das 3h33 da manhã.
Ninguém sabia seu nome verdadeiro, apenas o som:
o som de passos descalços, encharcados, arrastando-se lentamente pelo piso frio.
Relatos descrevem uma mulher alta e cadavérica, com uma bata de hospital colada ao corpo, como se tivesse saído de dentro de um tanque. O cabelo negro cobre quase todo o rosto e, de sua boca, só escapa um ruído sufocado — como de alguém se afogando no próprio pulmão.
Um maqueiro jurou tê-la visto nas câmeras de segurança.
Ela caminhava pelo corredor da ala interditada, onde não havia pacientes há meses.
Ele pensou que fosse uma piada cruel, mas, quando foi verificar, encontrou apenas um rastro de água turva… e pegadas.
Pegadas que terminavam em frente a uma parede.
E desapareciam ali.
Naquela mesma madrugada, o telefone tocou na sala de controle.
O número vinha do quarto 313, fechado para manutenção há muito tempo.
Quando atendeu, a linha estalou e uma voz áspera, quase um grunhido, sussurrou:
“Não quero ficar sozinha de novo.”
Desde então, onde quer que sua presença seja notada, algo sempre acontece:
mortos sem explicação, funcionários que abandonam o emprego, arquivos e gravações que simplesmente somem.
Mas há um detalhe em comum que ninguém consegue negar:
No dia seguinte à sua aparição…
sempre há uma poça d’água diante de uma cama vazia.