17/06/2024
A ancestralidade é uma riqueza que poucos sabem valorizar de forma verdadeira. Ela é muito mais importante em nossas vidas do que muitos pensam, pois essa grande massa de espíritos com ligação consanguínea aos seus descendentes influencia direta e indiretamente o dia a dia e o “destino” deles. Cultuar a ancestralidade é ter a certeza de que não estamos sozinhos, por mais que em alguns momentos pareça que estamos. É saber que, por mais que venham momentos de dificuldade, podemos contar com o auxílio e direcionamento dessa força. É compreender que nem tudo na vida será fácil, mas que, quando a dificuldade aparecer, teremos forças para ultrapassá-la, desde que tenhamos disposição para isso, sem esperar nada de mão beijada.
É ter ciência de que todo esse povo que um dia já esteve aqui e se foi ainda vive em nosso peito e perpetua seus ensinamentos para aqueles que estão atentos e despertos para essa consciência valiosa, capaz de transformar e desconstruir pensamentos e comportamentos. Cultuar a ancestralidade é receber o direcionamento de espíritos que já viveram nessas terras e conhecem nossas dores, tormentos e erros. Eles nos moldam para que possamos ser melhores em muitos aspectos em que falharam, ou seja, nos ajudam a quebrar os ciclos repetitivos que prejudicam nossas vidas.
A ancestralidade e o descendente são apenas um, um indivíduo com um pouquinho de cada ser que antecedeu sua existência. Hoje, graças a essa grande linhagem, estamos vivos, tendo a chance de mudar nosso destino e o de nossos descendentes, de forma que possamos ser espelhos que reflitam a melhor versão dos nossos antepassados e assim por diante, fazendo a manutenção e os cuidados certos de uma grande figueira, proporcionando um crescimento saudável que irá gerar novos galhos, fortes e resistentes.
Cultuar a ancestralidade é sentir o carinho daqueles que já se foram, receber o acalanto necessário, as broncas no momento certo e matar a saudade de um sentimento inexplicável, até mesmo dos que não conhecemos em vida. É abrir os olhos e enxergar a vida de uma forma mais leve, sem amarras, sem limitações de dogmas judaico-cristãos, onde a morte se torna apenas um detalhe.
Tata N'ganga Kihuze