
28/11/2024
Brasil Enfrenta Turbulências Econômicas Sem Precedentes
O Brasil atravessa uma das mais severas crises econômicas desde o início da República Federativa. Pela primeira vez desde a criação do Plano Real, em 1994, o dólar superou a marca de R$ 6, com a cotação à vista alcançando R$ 6,0004 na manhã desta quinta-feira (28).
A resposta do mercado ao pacote de ajuste fiscal e à reforma do Imposto de Renda, anunciados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou incertezas significativas quanto à capacidade do governo de estabilizar as contas públicas.
O pacote econômico, estimado para economizar R$ 71,9 bilhões até 2026, foi amplamente considerado insuficiente e repleto de contradições. Entre as principais medidas anunciadas, destacam-se:
Idade mínima para aposentadoria militar: 55 anos, com restrições a benefícios para familiares de militares expulsos.
Revisão do abono salarial: limitado a trabalhadores com renda de até 1,5 salário mínimo.
Reajuste do salário mínimo: teto de 2,5% de aumento real.
Isenção do Imposto de Renda (IR) até R$ 5 mil: medida controversa, com impacto fiscal estimado entre R$ 40 bilhões e R$ 80 bilhões.
Para compensar parte das perdas, o governo propôs uma tributação de 10% sobre rendas superiores a R$ 50 mil mensais, incluindo aluguéis e dividendos.
Às 11h30, o dólar registrava alta de 1,33%, negociado a R$ 5,9930, enquanto os contratos futuros avançaram 0,50%, alcançando R$ 5,989. A Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, recuava mais de 1%, situando-se em 126 mil pontos, refletindo o ceticismo dos investidores. A menor liquidez, agravada pelo feriado nos Estados Unidos, contribuiu para a alta volatilidade.
Especialistas apontam que a isenção do IR, de caráter populista, contradiz o objetivo de ajuste fiscal. Essa medida amplia os riscos de desequilíbrio nas contas públicas, levantando dúvidas sobre o cumprimento das metas de déficit zero para 2025. Além disso, o aumento das projeções para a taxa Selic, que pode alcançar 14,25%, intensifica as preocupações do mercado.