
22/09/2025
Nas ruas, a esquerda reencontrou sua força
As manifestações de ontem no Brasil marcam um ponto de inflexão: a esquerda, que ainda encontra dificuldade em disputar narrativas nas redes sociais, mostrou vitalidade política ao se reapropriar das ruas como espaço de mobilização e legitimidade.
Não se trata apenas de ocupação física, mas da volta de pautas concretas ao centro do debate: a defesa da soberania nacional, a isenção de Imposto de Renda para rendas até R$ 5 mil e o fim da jornada exaustiva de 6x1. São agendas que dialogam com a vida real da população e reforçam uma lógica de pertencimento.
Enquanto isso, a direita expõe fragilidades em duas frentes:
• No exterior, com Eduardo Bolsonaro abrindo uma contradição irreparável ao buscar sanções contra instituições brasileiras — quem se diz defensor da pátria não pode flertar com a perda de soberania.
• No campo político, a falta de articulação se torna evidente. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já se projeta como presidenciável, mesmo a contragosto da família Bolsonaro. Ao seu lado, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, também se colocam à disposição. Essa disputa de bastidores, longe de fortalecer a oposição, tem atrasado e fragmentado o projeto político da direita.
O resultado é simbólico: nas redes, a direita ainda impõe dominância algorítmica; mas nas ruas, a esquerda provou capacidade de convocação e energia política.
O Brasil segue dividido, mas a disputa não é apenas entre narrativas — é entre coerência e contradição, entre projeto e improviso, entre soberania e subordinação.