09/09/2025
Nós, da Editora Recriar, viemos à público para comunicar a todas e todos uma NOTA DE RETRATAÇÃO referente a postagem denominada “OS AFRICANOS FORAM DOMESTICADOS PELA FÉ CRISTÃ", realizada na última semana, em nosso feed das redes sociais, em razão da divulgação do livro "Racismo e Teologia", de Willie J. Jennings.
Na útlima sexta-feira fomos procurados pelo teológo, escritor, pesquisador e autor dessa casa editorial, Emiliano Jamba, que manifestou sua profunda tristeza com o post citado, argumentando que muito do que ele trabalha em sua vida acadêmica, de dizer que a teologia africana não é fruto de “domesticalização” dos povos africanos foi atingido diretamente por esse post.
Por esse motivo pedimos ao próprio Emiliano Jamba, que expusesse seus argumentos em um pequeno texto, dado esse espaço limitado. A nota vem a seguir:
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Enquanto teólogo africano e autor da Recriar, manifesto meu profundo repúdio à publicação que afirma de maneira equivocada e reducionista que “os africanos foram domesticados pela fé cristã”.
Tal enunciado parte de uma premissa anacrônica, homogeneizante e desrespeitosa, que ignora décadas de produção intelectual africana e afro-diaspórica, pois há muito que já se denunciou que “a fé cristã em África não é subproduto da colonização” (BAUR, 2014).
É correto afirmar, como faz Willie James Jennings em (Racismo e Teologia), que o cristianismo foi instrumentalizado pelo projeto colonial enquanto ferramenta de domesticação/docilidade. Entretanto, isso não significa que o projeto colonial tenha obtido completo êxito em domesticar os africanos, tal qual a publicação sugere.
Como nos lembra Achille Mbembe em “África Insubmissa” (2013), apesar das inúmeras tentativas coloniais de impor a domesticação/docilidade aos africanos, eles resistiram e ressignificaram o cristianismo a partir de suas próprias matrizes culturais. Mbembe chama isso de “indocilidade africana” ou do “gênio pagão africano” – forças criativas que permitiram pensar e viver a fé cristã de forma autêntica, plural e enraizada nas experiências vivenciais africanas.
(Continua nos comentários) 👇🏾