20/10/2025
A Igreja Não Tem Lado, Mas Tem uma Posição
Não pretendo aqui dar uma aula de gestão eclesiástica, tampouco ditar os rumos que as lideranças protestantes devem seguir. Escrevo como quem observa atentamente — e com temor — os caminhos que o movimento evangélico vem trilhando, especialmente nos tempos em que fé e política se confundem em palanques e púlpitos.
Sou, antes de tudo, um pesquisador das Escrituras Sagradas. E nelas aprendo que o silêncio, diante do pecado, é cumplicidade. A verdade não precisa de defensores, apenas de vozes que a proclamem. Como disse certa vez alguém: “A Palavra de Deus é como um leão; solte-a, e ela se defenderá sozinha.”
Israel aprendeu, de forma amarga, o preço da omissão. Em várias fases da sua história, o povo escolhido calou-se quando deveria denunciar. Deus, então, levantou profetas — homens simples, porém inflamados pelo Espírito — para confrontar reis, sacerdotes e multidões adormecidas.
Israel se acostumou ao pecado. Normalizou a idolatria. Tolerou a corrupção de seus líderes espirituais. E quando os tronos se tornaram altares de perversidade, o povo preferiu o silêncio à coragem. Acabe e Jezabel, Jeroboão e Manassés — nomes que se tornaram símbolos da decadência moral de uma nação que perdeu o senso do sagrado.
O pecado de omissão é não se colocar na brecha. Deus sempre buscou uma voz — ainda que isolada — para representar Sua justiça no meio do caos.
A Igreja não tem lados. Mas tem uma posição.
Não se alinha a governos, nem se curva a partidos; ela se curva apenas diante da cruz.
Sua bandeira não é ideológica — é o estandarte do Cordeiro.
Não é “esquerda” nem “direita”, mas o Reino.
O Reino que exige justiça, verdade e arrependimento.
Quando líderes religiosos se tornam instrumentos políticos e se calam diante da imoralidade, tornam-se herdeiros da mesma omissão de Israel. Porém, Deus continua levantando vozes — Elias, Amós, João Batista, Paulo — homens que preferiram a fidelidade ao aplauso, e a verdade ao conforto.
A voz profética não negocia princípios.
Ela não busca aplausos, mas ecoa a eternidade.
Pois quem foi chamado para anunciar o Reino, não pode fazer aliança com o trono dos homens.
“A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.”
(Filipenses 3:20)
Pr. Natã Santos