28/04/2025
De: Wladimir Agmont
Até breve ... missionário!
A Praça de São Pedro naquela manhã, de segunda-feira, parecia fria, não em função do clima, mas no íntimo dos corações de milhares de pessoas. Existe um ditado que diz: vai a Roma e não visitou o Papa, então, não conheceu a velha capital italiana. No dia anterior, de Páscoa, lá estava ele, o sempre alegre e jovem de espírito, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco que ao se tornar pontífice, utilizou esse nome em homenagem ao santo Francisco de Assis pela simplicidade e ser defensor dos mais pobres.
Há muito tempo, ele lutava contra sério problema respiratório devido a retirada de um pulmão quando ainda desfrutava da juventude lá na sua Argentina, onde nasceu e iniciou a trajetória na vida religiosa, despertada que foi aos 17 anos. Não demorou para se integrar no Seminário da Companhia de Jesus e formar-se em filosofia. Pois é, talvez, ele mesmo nem imaginava que, um dia, pudesse ser o chefe maior da igreja católica e mais, o primeiro papa sul-americano da história, e jesuíta. Conquista recheada de méritos, sem dúvida!
Penso que, pela sua conduta simples, boa parte dos que passaram a conviver cotidianamente com ele, durante esses doze anos de pontificado, ficaram chocados. Basta dizer, que ao invés de escolher morar na luxuria do Palácio Episcopal, preferiu a casa Santa Marta. E mais, usou um anel do pescador e de prata, quando a tradição é o de ouro. Exemplos poucos usuais no meio da Santa Sé.
Defensor dos pobres, procurou durante toda a sua vida se voltar às causas dos mais frágeis, defendendo-os contra as injustiças e pregando a paz em todos os rincões por onde teve a oportunidade de levar a sua palavra. É verdade!
Mesmo com a saúde debilitada, Francisco, provavelmente, prenunciando a sua breve passagem, queria desfrutar ainda de um desejo. Qual seria? O último contato com o povo. E nesse contexto, ainda em cadeira de rodas, e levado pelo seu assistente, atendeu exatamente o que o seu coração pedia, e como sempre fez desde que assumiu a chefia da igreja, saudou as pessoas presentes na Praça de São Pedro, que para eles representou não só a bênção, mas um presente de Deus.
Mas, após tantos desajustes da saúde, o seu corpo não resistiu, e após a Páscoa, em que se comemora a ressurreição de Cristo, ele, talvez, entendendo ter cumprido a sua missão, fechou os olhos e resolveu voar, com certeza, para encontrar-se com o Senhor e quem sabe, sonhar com a esperança de ressuscitar e dar continuidade ao seu valioso mister, sobretudo o de pregar a paz entre os homens e denunciar as injustiças sociais e econômicas, vertentes das desigualdades.
Papa Francisco, seu legado é infinito e espera-se que tenha eco entre os humanos, como o senhor deixou claro em sua encíclica mais recente: a “Laudate Deum”, ao denunciar a sua insatisfação pelo fato do planeta não estar sendo cuidado como deveria, cujas consequências poderão ser danosas a todos.
Obrigado Papa Francisco, verdadeiro missionário a serviço dos mais pobres, dos invisíveis e do amor, como fez Jesus.
Até breve!
24/abril/2025
outono