24/09/2025
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado rejeitou, nesta quarta-feira (24), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia a proteção de parlamentares na Justiça. A decisão do colegiado, tomada de forma unânime, enterra regimentalmente a chamada PEC da Blindagem no Congresso. Pelas regras internas do Senado, um recurso para levar a proposta à discussão no plenário da Casa somente poderia ser apresentado se a votação da CCJ não fosse unânime.
A PEC havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados na semana passada.
A proposta aprovada pelos deputados estabelecia que a abertura de qualquer processo criminal contra parlamentares teria de passar pelo aval do Congresso, em votação secreta. O texto também ampliava o foro privilegiado para que presidentes nacionais de partidos fossem julgados criminalmente pelo STF, além de definir que haveria votação secreta para o aval de prisões em flagrante de parlamentares.
Em seu parecer, o relator senador Alessandro Vieira avaliou que a proposta é um “golpe fatal” na legitimidade do Congresso. Para o senador, o texto “configura portas abertas para a transformação do Legislativo em abrigo seguro para criminosos de todos os tipos”. “Sob aparência de constitucionalidade, o que efetivamente se pretende não é dar condições plenas aos parlamentares para exercerem sua atividade-fim, mas, sim, blindá-los das p***s e demais consequências legais do cometimento de crimes das mais variadas espécies”, escreveu Vieira.
Ao longo da manhã, senadores discutiram a proposta. Quase a totalidade dos parlamentares falaram contra a PEC.
Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que a blindagem era necessária para proteger congressistas de uma “categoria que está acima da lei”.
No último domingo (21), a PEC da Blindagem foi alvo de protestos em todas as 27 capitais brasileiras. Entidades de transparência também criticaram a proposta.
A OAB-PR enviou um parecer ao Senado que sustenta que a proposta é inconstitucional em diversas frentes. Segundo a instituição, o texto tem vícios da votação da Câmara e vícios formais, como a afronta à separação entre os Poderes.