
02/09/2025
Tradição a galope: tropeiros voltam às estradas do norte gaúcho em percurso de 125 quilômetros
A partir da próxima segunda-feira (1º), as estradas do norte do Estado voltarão a ver a passagem dos antigos tropeiros. Um grupo de cerca de 50 cavaleiros dará início à 5ª Tropeada Cultural, conduzindo aproximadamente 150 cabeças de gado por oito cidades da região.
Na época do Brasil colônia, os tropeiros realizavam o transporte de mercadorias, gado e alimentos entre diferentes regiões do país, no lombo de cavalos e mulas. Por meio das tropeadas, auxiliaram no desenvolvimento do comércio, criação de rotas pelo interior e construção de diferentes cidades.
A iniciativa de Remi José Cipriani, morador de São Domingos do Sul, busca celebrar a cultura gaúcha por meio do resgate histórico do tropeirismo e das tradicionais tropeadas. O trajeto de cerca de 125 quilômetros se estende até o dia 6 de setembro.
O percurso começa e termina em São Domingos do Sul. Ao longo do caminho, os cavaleiros e o gado passarão ainda por Vanini, David Canabarro, Ciríaco, Gentil, Santo Antônio do Palma, Casca e Paraí.
Em cada localidade, a comitiva fará paradas para que a população, especialmente as escolas, possa acompanhar de perto o resgate cultural.
Resgate histórico
Segundo Cipriani, a ideia de realizar a tropeada começou em 2010, de forma despretensiosa.
— Eu fiz uma por gostar e querer mostrar. E aí, de vez em quando, o pessoal pedia. Agora, essa que vamos fazer tomou uma forma bem maior. Está prometendo ser bem grande — comemora.
O evento ganhou força e apreço da comunidade, e a última edição foi realizada em 2022. Para o idealizador, manter viva a tradição é fundamental:
— Se a gente não tem história, não tem futuro nenhum. Tem que mostrar de onde veio. Os mais antigos ficam emocionados, chegam a chorar porque já faz 70 anos que não se vê mais isso. Os mais jovens acham curioso.
Auxílio da comunidade
A logística da tropeada envolve o apoio das comunidades por onde o grupo passa. Os municípios colaboram com alimentação para os animais e refeições para os tropeiros.
As dezenas de cabeças de gado, da propriedade de Cipriani, estão acostumadas ao manejo e seguirão sempre cercados pelos cavaleiros, garantindo a segurança da tropa durante o deslocamento.
— São Domingos do Sul era uma rota onde as tropas passavam com bois gordos para frigoríficos. Eles atravessavam os rios que não tinham pontes e, quando a água estava alta, acampavam próximo para esperar baixar e poder atravessar — relembra.
Além do valor histórico, a Tropeada Cultural pode se tornar reconhecida pelo governo gaúcho. Isso porque a Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul mostrou interesse em dar início ao processo de registro da tropeada como Patrimônio Histórico Cultural, já que o evento é considerado único no Estado.
GZH