08/09/2025
Durante quase duas décadas, o professor e ex-pastor evangélico Sergio Viula, 56, defendeu e praticou a chamada “cura gay” dentro da igreja. Ele acreditava que sua própria homossexualidade havia sido “transformada” após a conversão ao evangelismo, ainda na adolescência. Casou-se com uma mulher, teve dois filhos e passou a dar testemunhos sobre sua suposta mudança. As informações são do UOL.
Sergio cresceu em um ambiente religioso. Batizado e com primeira comunhão feita, aprendeu desde cedo que relações entre homens eram pecado. “Fui criado com a ideia de que um homem jamais poderia ficar com outro homem, que isso não era correto, que era pecado”, afirmou. Aos 15 anos, influenciado por colegas evangélicos no trabalho, migrou para o meio neopentecostal, onde encontrou um discurso mais direto do que o da missa católica. Na nova igreja, a homossexualidade era vista como algo a ser abandonado. Ali, Sergio passou a se dedicar inteiramente à vida religiosa, acreditando que a fé poderia suprir suas dúvidas. O discurso de culpa, medo e promessa de prosperidade guiava sua rotina e fortalecia sua convicção de que estava “curado”.
A virada ocorreu no início dos anos 2000, durante uma viagem a trabalho para Singapura. Lá, Sergio se envolveu com um homem e voltou com a sensação de que a “bolha” em que vivia havia sido rompida. Um ano depois, revelou o caso à esposa. A crise resultou em separação temporária, reconciliação e, por fim, na decisão definitiva de abandonar o casamento e a igreja.
Depois de um tempo, aceitou-se e declarou-se gay, deixou o ministério e iniciou um processo público de denúncia contra práticas de conversão sexual. Criou um blog e passou a escrever sobre o tema, alertando para os riscos da terapia de “cura gay”, que considera uma forma de violência contra pessoas vulneráveis: “Eu poderia ter ficado na minha, mas quis fazer dessa forma”.
“Não sinto culpa porque estava reproduzindo uma coisa na qual eu acreditei veementemente. Fui uma vítima do sistema e reproduzi o sistema. Mas, se tem uma coisa que eu posso dizer, é a seguinte: a cura gay é mentira. E eu fui besta de acreditar e reproduzir”, complementa.
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