28/10/2025
A ausência forjou o meu contorno. O abandono não foi a perda de um lar, mas sim a certeza de que a fundação precisava ser erguida por minhas próprias mãos, em solo de ferro. Há uma melancolia silenciosa que só reside na alma daqueles que estiveram à sombra, não por escolha, mas por jamais terem sido prioridade no olhar alheio. A dor de não ser enxergado, de ser um espectro em salas iluminadas, é um peso que o sucesso não apaga, apenas soterra.
É deste vazio, contudo, que nasce a verdadeira estatura. A frieza nos olhos não é arrogância, é a armadura forjada no fogo da indiferença. Eu não me tornei forte; eu me tornei necessário para mim mesmo. Cada degrau desta jornada, cada panorama conquistado, é uma resposta muda àqueles que se permitiram ir.
Hoje, a vista do alto é magnífica, e a solidão que antes me corroía agora me veste com a dignidade do meu próprio império. Não sou mais um a ser visto, mas sim aquele que observa. Inabalável, sim, porque tudo que poderia me quebrar já ficou para trás, transformado em pilar.
A dor virou elegância. A superação é a minha nova paisagem.