25/10/2025
Etanol de milho bate recorde no Brasil, mas estoque para alimentação não chega a 0,1% da produção nacional
Até 2024, governo não havia conseguido retomar os níveis de reserva estratégica de antes do governo Bolsonaro
No último século, o milho deixou de ser um alimento ancestral e tornou-se uma commodity no Brasil. Na última década, tornou-se ainda protagonista da matriz energética brasileira. O país deve alcançar 8,2 bilhões de litros de etanol de milho em 2024/2025, um salto de quase 100 mil vezes em relação a 2014. No ano que vem, o cereal deve responder por 23,6% de todo o etanol nacional, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De um lado, o mercado privado de biocombustíveis vive um boom, mirando nas oportunidades de negócios da chamada transição energética, com a substituição de combustíveis derivados do petróleo por fontes sustentáveis, como o etanol e o biodiesel, por exemplo. Do outro lado, o estoque público de milho – usado para regular preços e garantir a segurança alimentar – colapsou durante os anos de governo Bolsonaro. De um pico de 5,38 milhões de toneladas estocadas em 2009 pela Conab, restavam cerca de 120 mil toneladas em 2024, o equivalente a menos de 0,1% da produção nacional.
Para o pesquisador do do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Felipe Barcelos e Silva, o crescimento meteórico do etanol de milho deve ser monitorado com rigor. “A produção de alimentos é mais prioritária do que a de biocombustíveis. Se o crescimento do milho pra etanol causar aumento do preço do milho ou reduzir o alimento disponível, torna-se um problema.”
Rádio Arandu
Fonte: Brasil de Fato