
30/05/2025
O produtor de trilha sonora.
Aquele que transforma o vazio em som.
Cheguei no estúdio sem ideia nenhuma.
O branco era total.
A cabeça, um deserto.
Foi aí que me lembrei da minha antiga banda.
A “Meddida Provisória”.
A gente tinha um ritual pós-ensaio.
Escolhia uma música qualquer e começava a bagunça.
Trocava a letra, mudava o arranjo.
De rock virava samba.
De pop, um reggae torto.
Ríamos até a barriga doer.
Era pura diversão.
Mas também era treino.
Brincar com o som aguçava o ouvido.
Destravava a criatividade.
Lembrei disso ontem, quando fiquei travado no estúdio.
Peguei uma base qualquer.
Brinquei com os acordes.
Transformei letras bobas em melodias.
Em menos de meia hora, a ideia saiu.
A música ganhou forma.
E me dei conta de que a vida no trabalho é igual.
Às vezes, a gente f**a travado.
A tela do computador parece uma parede.
Mas basta lembrar das “bandas” que já tivemos.
Dos momentos em que nos permitimos bagunçar.
Criar sem medo.
Testar sem compromisso.
O resultado sempre aparece.
A trilha sonora da vida não nasce da perfeição.
Ela vem da brincadeira.
Do improviso.
Quando você permite que o ritmo da sua história mude um pouco,
as ideias começam a dançar.
Não dá pra esperar inspiração cair do céu.
Tem que fazer barulho.
Tem que desafinar até encontrar a harmonia.
Então, bora transformar o branco da tela numa jam session?