05/10/2025
Domingos de Antigamente”
Olha lá... vai passando o domingo,
num tempo que o futuro só a Deus pertencia,
quando a vida era dura, mas doce e simples,
e a alegria morava na fé e na harmonia.
O rádio de madeira, a pilha, a canção,
enchia a casa de risos e som,
dançava sozinha na sala pequena,
com zelo limpava cadeiras e tudo era muito bom.
Ao meio-dia, eu e mamãe, tão atentas,
ouvíamos histórias no ar a flutuar,
as vozes, os dramas, os sonhos inventados,
me faziam sonhar, imaginar, esperar.
À tarde, a música, o lume brando,
a noite chegava sem pressa, sem dor,
o cheiro da janta no fogo de carvão,
e o dia findava em simples amor.
O pão com manteiga, o café com leite,
sem luxo, mas puro de coração,
arroz, feijão, queijo e ovo frito,
e aos domingos — frango e celebração!
Não haviam shoppings, mas bastava um passeio,
ver casas, sorrir, sentir o vento,
meu pai nos guiava por ruas serenas,
e aquilo bastava: puro contentamento.
Minha avó, mulher forte e piedosa,
rezava comigo, fé poderosa,
de xale, às seis e às dezoito em ponto,
falava com Deus em suave encontro.
Recordo as pessoas indo à igreja,
com roupas bonitas, perfume no ar,
um halo sagrado pairava nas ruas,
e a alma inteira queria rezar.
Hoje esses dias vivem na memória,
um filme antigo que o tempo guardou,
saudade aperta, mas vira ternura,
pois tudo passou... mas também me formou.
Então desejo, de coração contente,
bom domingo a toda gente!
Que cada um, ao ler, recorde alguém,
e sinta no peito o amor de outrora também.
Sabor Antigo
Flora D'Amour ✍️
Fragmentos do tempo que ecoam no hoje