31/07/2025
Terapia gênica Elevidys segue suspensa no Brasil após mortes nos EUA; famílias se mobilizam por retomada
Após a suspensão da terapia gênica Elevidys nos Estados Unidos na semana passada, a comercialização do medicamento também foi interrompida no Brasil, seguindo decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, nesta semana, a FDA (agência reguladora americana) voltou a autorizar o uso do tratamento, enquanto no Brasil a suspensão permanece.
A medida da Anvisa foi motivada por dois óbitos registrados nos Estados Unidos em pacientes cadeirantes de 16 anos que haviam recebido o Elevidys. Com isso, todos os processos envolvendo o medicamento no Brasil foram paralisados novamente.
Famílias brasileiras que lutam para ter acesso à terapia se mobilizam para tentar reverter a decisão. Elas argumentam que, entre os mais de 900 meninos que já receberam o Elevidys, apenas dois óbitos foram registrados — um índice considerado muito baixo. Segundo relatos, a idade avançada dos pacientes pode ter influenciado nos casos.
No Brasil, o medicamento estava aprovado para aplicação em crianças com até 7 anos, 11 meses e 29 dias. Algumas famílias, como a do menino Felipe, que recebeu a dose aos 8 anos e 4 meses, conseguiram autorização especial. Para os responsáveis, o tratamento precoce é essencial, especialmente quando a criança ainda apresenta mobilidade, mesmo que mínima.
O alto custo do medicamento, avaliado em cerca de R$ 17 milhões, é outro obstáculo enfrentado pelas famílias. Apesar disso, algumas já conseguiram arrecadar os valores necessários e veem no acesso ao Elevidys uma conquista e, em suas palavras, “um milagre”.
Um vídeo divulgado nas redes sociais reúne casos de meninos brasileiros que já receberam o tratamento. Em meio a dificuldades, as famílias afirmam que continuam acreditando em novos avanços e na liberação definitiva do Elevidys no país.
Em nota publicada nesta quarta-feira (31), a Anvisa declarou que um dos óbitos investigados no Brasil, de um menino de 8 anos, teve como causa uma infecção viral, sendo considerado “improvável” o nexo causal com o medicamento.