
08/05/2025
Passavam pouco mais das 13 horas desta quinta-feira, 8 de maio, quando a fumaça branca foi visualizada, filmada e transmitida aos telões da Praça de São Pedro, no Vaticano.
A fumaça anunciou que havia sido eleito o novo líder da Igreja Católica e de 1,4 bilhão de católicos. A escolha, num processo chamado de "conclave", realizada na Capela Sistina, foi pelo cardeal americano, com cidadania peruana, Robert Francis Prevost, de 69 anos. Ex-secretário de Estado do Vaticano, Prevost escolheu "Leão XIV" como seu "novo nome" e será o 267º papa que a humanidade começará a conhecer.
Do alto da sacada da Sala da Bênção, na Basílica de São Pedro, em seu primeiro pronunciamento à nação católica, papa Leão XIV desejou paz a todos os povos. "Uma paz desarmadora e perseverante, que provém de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente", ressaltou.
O conclave mais midiático da história foi decidido, segundo especialistas, mais rápido do que se esperava. Muitos previam o "Habemus papam" para sexta, dia 9, ou sábado, dia 10. Prevost era chefe do Dicastério para os Bispos, departamento considerado estratégico e fundamental por aconselhar o então papa Francisco, morto em 21 de abril.
Foram 133 cardeais eleitores fechados na Capela Sistina na quarta, 7 de maio. O novo papa precisava de pelo menos 89 votos para ser eleito e, por duas vezes, a fumaça saiu escura, mostrando que ainda não havia consenso.
Robert Prevost nasceu nos Estados Unidos, mas por cerca de 20 anos, atuou na América Latina, especialmente no Peru. É considerado um mediador diplomático e moderado, nem progressista, nem conservador. Era chamado de "construtor de pontes para ligar as diferentes correntes da igreja".
Ordenado sacerdote em 1982, Prevost fez questão de agradecer ao papa Francisco, pelo legado deixado para a igreja. "Ele foi uma voz sempre corajosa e frequente, que nos abençoava como seus filhos. Me permitam dar aquela mesma bênção, porque Deus ama a todos e o mal não prevalecerá, estamos todos nas mãos de Deus! Portanto, sem medo, unidos, de mãos dadas com Deus, sigamos adiante. Somos discípulos de Cristo e o mundo precisa da sua luz. A humanidade precisa de pontes com o diálogo, com o encontro e nos unimos para sermos um só povo, sempre, em paz. Obrigado ao papa Francisco!"
Ao final, ele também agradeceu aos cardeais que votaram em seu nome como sucessor de Pedro, o fundador da Igreja Católica Apostólica Romana. "Seguiremos sem medo para proclamar o Evangelho e missionários de Cristo."
"Sou um filho de Santo Agostinho, um 'agostiniano' que disse uma vez: Para vocês eu sou bispo, com vocês eu sou irmão! Sendo assim, podemos caminhar juntos."
Santo Agostinho nasceu em 354 DC onde hoje é a Argélia, Norte da África, é considerado um dos maiores teólogos e filósofos da história da Igreja Católica. Intelectual, por volta dos 30 anos, Agostinho sentia um vazio espiritual, pois nenhuma das filosofias que havia explorado o satisfazia. Em um momento de grande angústia, teria recebido a visita de um "ser de luz", que lhe entregou um livro e disse: "Pegue e leia!". Agostinho obedeceu, e essa leitura marcou sua conversão ao cristianismo.
Já a escolha pelo nome Leão XIV pode representar a continuidade da linha reformista iniciada por Francisco, segundo os "vaticanistas". Prevost é formado em direito canônico, o novo papa é visto como alguém capaz de dialogar com setores mais conservadores da igreja, que frequentemente criticaram as mudanças promovidas nos últimos anos.
Em vários momentos antes do conclave, ele pediu "uma igreja adaptada ao presente, mas fiel à sua missão". "Não podemos retroceder, para que a igreja seja hoje e amanhã", disse em entrevista ao Vatican News, após a morte do papa Francisco.
É a primeira vez que a igreja católica terá um papa americano, apesar da sua forte conexão com a América Latina. Porém, as pautas mais complexas da humanidade ficam cada vez mais enfáticas, como a inteligência artificial, imigração, relações de mesmo s**o, clima e um cenário de transformações sociais profundas.
FOTO: GUGLIELMO MANGIAPANE/REUTERS (Reprodução)