25/10/2025
°• 𝐇𝐨𝐦𝐞𝐧𝐬 𝐝𝐞 𝐥𝐞𝐠𝐚𝐝𝐨 𝐞 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐧𝐬 𝐥𝐚𝐫𝐠𝐚𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐨𝐫: 𝐕𝐞𝐧𝐚̂𝐧𝐜𝐢𝐨 𝐌𝐨𝐧𝐝𝐥𝐚𝐧𝐞
Quem faz isso é o tempo e o povo. Alguns, o povo crê neles, os segue, os tem como lâmpadas para o caminho da esperança e do futuro. O tempo trata de os coroar como homens de legado.
Outros, escrevem, falam, gritam, arranham paredes, mas o povo não os ouve, não os segue, como se fossem muralhas sinistradas, navios naufragados, predilectos troféus para os museus do esquecimento. O tempo trata de os coroar como homens largados.
Os homens de legado, podem ser odiados pelos poderes, pelos regimes, podem ser atirados nas grutas, nas masmorras da opressão, a sua glória não se apaga, cintilam no seio das trevas; atrás das grades, o sol vai atrás dos quadradinhos que os encerram.
Os homens largados, podem ser amados pelos poderes, podem se deitar no leito do regime, podem partilhar núpcias com a tirania durante meio século, não brilham, mesmo quando colocados na ribalta, com togas cintilantes, as trevas teimam, não os largam.
Quando o mar se enfurece, levanta montanhas líquidas, trovões riscando os céus, mau tempo se regista nas estações metereológicas. O povo faz um laço e coloca na cintura dos homens do legado, para os segurar para que não sejam levados pelas furiosas e gigantescas ondas. Mas, para os homens largados, entre sorrisos e indiferença, o povo os deixa serem levados como barquinhos sem vela que desaparecerem para além do horizonte, onde os seus gritos se abafam como ecos do passado.
Um certo académico, cansado de cíclicas desilusões, por nunca ter inspirado, nunca ter influenciado e nunca ter feito raciocinar; vendo as portas do abismo abertas e chamando por ele, decidiu, com a intensidade do último pontapé que o frango dá quando está sendo degolado, atacar com toda fúria tudo que inspira, tudo que influencia, tudo que tem brilho, na ilusória esperança, de que não seja finalmente alinhado na última e empoeirada prateleira do museu dos homens largados.
💚❤️✊