29/06/2025
Há um tipo de regresso que não se explica — sente-se.
Voltar ao nosso país depois de ter sido emigrante não é só regressar a uma morada; é reencontrar pedaços de nós que ficaram à espera, silenciosos, em cada rua, em cada cheiro, em cada banco de jardim onde já fomos crianças.
Voltar é caminhar por locais que marcaram a nossa infância e perceber que o mundo cresceu, mas o coração ainda reconhece cada esquina. É ver a escola onde aprendemos a escrever o nome, a padaria onde comprávamos o pão quente com moedas contadas, o campo onde corríamos até o sol cair.
E, de repente, tudo aquilo que parecia tão pequeno volta a ser gigante — porque carrega história, saudade, e o sabor do que é verdadeiramente nosso.
A importância de voltar está nisso: reconectar.
Reconectar com as raízes, com as memórias, com a essência. Porque viver fora ensina muito — autonomia, resiliência, força. Mas é cá que muitas vezes reencontramos o “porquê” de tudo.
O porquê de termos partido.
E o porquê de querermos voltar.
Voltar é um ato de coragem. É escolher recomeçar num lugar onde já fomos alguém. É dar nova vida a sonhos antigos e perceber que o que fomos nunca deixou de fazer parte do que somos.
Porque o verdadeiro lar não é só onde estamos — é onde o coração se sente em paz. E às vezes, a maior viagem é mesmo a de regresso.