21/08/2025
Carta Aberta à Secretaria de Estado da Juventude
- Reflexão e propostas sobre o estilo batucada e o impacto na juventude
Exmo. Senhor Secretário de Estado da Juventude, Dr. Lesmes Mutna Freire Monteiro
Venho, por este meio, expressar a minha opinião relativamente à decisão recentemente anunciada de proibir concertos de determinados MCs do estilo batucada, acusados de promover insultos e incentivar o consumo de dr**as.
Considero que este é, de facto, um problema grave que deve merecer atenção urgente. Contudo, entendo que a solução não deve limitar-se a medidas restritivas, sob risco de agravar ainda mais a situação.
Sugiro a criação de uma equipa técnica multidisciplinar, composta por especialistas em juventude, cultura, psicologia, sociologia, saúde, etc, cuja missão seja elaborar propostas de projetos que apresentem alternativas sustentáveis. Estas propostas poderiam, posteriormente, ser apresentadas em audiência junto da Secretaria de Estado da Juventude, permitindo a construção de estratégias conjuntas para a sua execução.
Tenho acompanhado com preocupação os relatos e conteúdos que circulam sobre este tema. No entanto, não me limito a comentar: acredito que é preciso agir concretamente para inverter esta realidade.
É importante sublinhar que estamos perante uma faixa etária sensível e complexa. Muitos jovens encontram-se sem perspetiva de futuro, outros envolvem-se nestas práticas de forma inconsciente, por influência do grupo ou em busca de notoriedade. Por isso, medidas uniformes e generalistas correm o risco de não surtir efeito. É necessário identificar diferentes perfis e atuar de forma diferenciada.
Só discordará da gravidade desta situação quem não deseja ver, dentro de dez anos, uma juventude saudável, preparada e capaz de assumir responsabilidades sociais. Uma geração mergulhada no consumo de dr**as e sem rumo seria uma perda irreparável para o nosso país.
Cumpre ainda salientar que, mesmo quando algumas músicas transmitem mensagens positivas, o comportamento dos fãs nem sempre reflete esses valores. Infelizmente, está enraizada a ideia de que as festas de “batuques” são espaços inevitavelmente associados ao consumo de dr**as. Assim, o problema não reside apenas nos MCs, mas também nas práticas e mentalidades de parte do público.
É urgente, portanto, adotar uma abordagem integrada que valorize a cultura sem destruir a juventude, garantindo que a música e a arte sejam instrumentos de elevação social, e não de degradação.
Na qualidade de cidadão e sociólogo, coloco-me à disposição para contribuir neste processo de reflexão e construção de soluções.
Com elevada consideração,
Brene_Quinhamel
Atentamente,
Me. Iannick Vieira
Sociólogo de Saúde