13/06/2025
1. O Elefante que Sabia o Nome do Vento
(Inspirado em contos Mandinga e Balanta)
Diz-se que antigamente, os elefantes eram os guardiões dos nomes secretos da natureza. Um deles, Kuma-N’Tchã, vivia nas matas da Guiné e conhecia o nome verdadeiro do vento.
Quem ouvisse esse nome podia entender todas as línguas: das aves, dos rios e até dos espíritos da floresta.
Um caçador ganancioso quis aprender o nome do vento para dominar os outros. Seguiu o elefante durante dias, até que finalmente o ouviu sussurrar:
> "Sonsu-Nkili."
Mas quando o caçador repetiu o nome com más intenções, o vento o levou para o mundo dos espíritos e nunca mais voltou.
Desde então, dizem que o nome do vento só revela sua força a quem tem o coração limpo e os ouvidos atentos ao silêncio da floresta.
🕊️ 2. A Mulher que Conversava com os Espíritos do Arroz
(Inspirado na tradição Felupe-Bijagó)
Numa tabanca isolada entre mangais e campos de arroz, vivia uma mulher chamada Djumba, que sabia ouvir o sussurro dos arrozais.
Todas as manhãs, ela cantava para a terra, e o arroz crescia verde e forte como se dançasse ao som das suas palavras.
Um ano, houve seca. Os campos murcharam. Mas Djumba caminhou descalça pelo campo, ajoelhou-se e sussurrou:
> "Nha terra, nhan kabesa. N’ka bin kumé sen bo."
Na manhã seguinte, choveu suavemente por três dias, e o arroz voltou a nascer.
Dizem que até hoje, quando o vento balança o arroz ao entardecer, é Djumba conversando com os espíritos da terra, protegendo o povo que nunca esqueceu de escutar.
🦅 3. A Águia que se Esqueceu de Voar
(Fábula pan-africana com adaptação guineense)
Uma vez, uma águia caiu do seu ninho e foi criada entre galinhas. Cresceu ciscando, com medo das alturas.
Um velho sábio, ao ver a águia, disse:
> “Essa não é galinha. É águia. Foi feita para voar acima das nuvens.”
Todos riram, menos o velho. Ele subiu ao monte com a águia e disse:
> “Olha o céu. Estás pronta.”
A águia hesitou, mas então sentiu o vento... e voou.
Voou tão alto que seus gritos de liberdade ecoaram por toda a savana.
Moral:
> Muitos de nós crescemos com medo de voar, porque nos disseram que éramos pequenos.
Mas o sangue dos gigantes vive em nós.