09/10/2025
PAI TERRA RANKA CRITICA INTERFERÊNCIA DE SISSOCO EMBALÓ NA MISSÃO DE ANCIÃOS DA ÁFRICA OCIDENTAL A BISSAU
A Plataforma Aliança Inclusiva PAI-Terra Ranka liderada por Domingos Simões Pereira criticou o que considerou” interferência do Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, nos trabalhos da delegação do Fórum dos Anciãos da África Ocidental, uma Plataforma Regional e a Partidária composta por antigos chefes de Estado e Governo da África Ocidental, que recentemente esteve no país em contactos com autoridades nacionais, entidades responsáveis pelo processo de eleições e atores políticos.
A Plataforma Aliança Inclusiva PAI-Terra Ranka disse que soube da vinda da missão pelo Secretário-geral do West África Elders Forum (WAEF), que comunicou ao Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC e da Coligação PAI-Terra Ranka sobre a vinda de uma Missão de Mediação Pré-Eleitoral, antecedendo as eleições gerais, legislativas e presidenciais, de 23 de novembro de 2025.
Coligação disse que foi-lhe comunicado que a missão, inicialmente agendada para ocorrer entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro, seria chefiada por Goodluck Ebele Jonathan, antigo Presidente da República Federal da Nigéria, e integraria Mohamed Ibn Chambas, antigo Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS), bem como membros do Secretariado da WAEF.
“Em 25 de setembro, o Secretariado da WAEF voltou a contactar-nos para informar que, após consultas, a missão fora reagendada para os dias 5 a 8 de outubro. Nesta ocasião, o antigo Presidente da República Federal da Nigéria, Goodluck Ebele Jonathan, seria acompanhado por Kadre Ouadraogo”, pode ler-se no comunicado.
Segundo PAI-Terra Ranka, a Missão, ao chegar a Bissau no dia 5 de outubro, conforme anunciado pelos órgãos de comunicação social e nas plataformas digitais, “contactou Domingos Simões Pereira, propondo a alteração da reunião para às 16h00, em vez das 11h00, devido a sobreposição da agenda com o candidato Umaro Sissoco Embaló.
“Por volta das 16h00, enquanto a liderança da Coligação PAI - Terra Ranka aguardava a chegada da Missão, fomos surpreendidos com a informação de que o encontro já não teria lugar. Esta circunstância não apenas causa surpresa, como também provoca inquietação e indignação, tendo em conta o histórico do tratamento que as autoridades de facto na Guiné-Bissau têm dado aos representantes e dignitários das nossas organizações sub-regionais”, criticou.
A Coligação PAI Terra Ranka lembrou, neste particular, que, por orientação da Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, a Comissão enviou ao nosso país uma missão política de alto nível que, entre 21 e 28 de fevereiro de 2025, trabalhou para apoiar os esforços dos atores políticos e demais interessados na obtenção de um consenso político sobre um roteiro para a realização de eleições inclusivas e pacíficas, mas a missão acabou expulsa por Sissoco Embaló.
PAI Terra Ranka afirmou que na sequência de intensos trabalhos de discussão e de consultas com partidos políticos e demais partes interessadas no processo, a missão elaborou e tinha começado a apresentar um projeto de acordo que iria reflectir um amplo consenso alcançado, mas Umaro Sissoco Embaló, na iminência de um acordo político sob a égide da CEDEAO, “deu ordens de expulsão, obrigando a missão de alto nível a abandonar o país e submetendo-a a uma humilhação diplomática, sem precedentes, na história da nossa organização sub- regional”.
PAI Terra Ranka sublinhou que, de modo semelhante, na segunda-feira, 6 de outubro, “o regime instalado na Guiné- Bissau” impediu que o Presidente Goodluck Ebele Jonathan mantivesse contacto com os partidos políticos e coligações, tornando “irrelevante” o objetivo da missão de mediação pré-eleitoral que o Fórum dos Anciãos da África Ocidental pretendia levar a cabo no país.
“A conduta do candidato Umaro Sissoco Embaló revela, por um lado, falta de interesse em beneficiar da assistência, apoio e experiência de atores externos para garantir um processo eleitoral transparente, inclusivo e pacífico; e, por outro, demonstra ausência de consideração e respeito pelos principais atores estatais e não estatais da sub- região”, acusou a Plataforma, frisando que essa atitude desvaloriza e mina a credibilidade dessas instituições, em particular a do antigo Presidente da Nigéria, Goodluck Ebele Jonathan — “o mesmo que já fora desrespeitado durante a expulsão da missão de alto nível, quando a Nigéria detinha a presidência em exercício da CEDEAO”.
“Lamentamos que os esforços dos parceiros multilaterais e gestos de boa vontade, como os protagonizados pelo Fórum dos Anciãos da África Ocidental sob a liderança do Presidente Goodluck Ebele Jonathan, sejam sistematicamente sabotados pelo regime vigente na Guiné-Bissau, inviabilizando iniciativas que visem promover entendimentos e fortalecer a democracia, a paz e a segurança no país e na sub-região”, reforçou a organização no comunicado.
No comunicado, PAI Terra Ranka criticou o fato de alguns atores e parceiros internacionais ainda não terem compreendido a “natureza autocrática” do regime e a necessidade de o incentivar a ouvir e respeitar a vontade do povo guineense.
“Perante este quadro de limitação do espaço de intervenção dos nossos parceiros bilaterais e multilaterais, prosseguiremos e intensificaremos as ações de luta política interna para assegurar que o nosso destino e o nosso futuro coletivo sejam determinados pela vontade soberana do povo guineense”, indicou.
Por: Filomeno Sambú