25/08/2025
Quatro anos atrás, minha vida mudou para sempre. Um AVC isquêmico e um hemorrágico me transformaram em muitos aspectos. O corpo não respondeu como antes, minha rotina precisou ser refeita, e até as coisas mais simples — como segurar um copo ou caminhar alguns passos — passaram a exigir treino, paciência e muita coragem.
Aprendi a ser outra pessoa. Aprendi que a vida não se mede apenas pelas grandes conquistas, mas pelos pequenos avanços que muitas vezes só quem passa por uma reabilitação consegue enxergar. Cada movimento, cada palavra recuperada, cada sorriso dado sem esforço passou a ter um valor imenso.
Mas junto com essas mudanças, também vieram transformações nos relacionamentos. Depois de 14 anos juntos, meu marido pediu a separação.
No começo doeu profundamente. Não só pela separação em si, mas também pela sensação de perda, pela quebra de um vínculo que fez parte de toda a minha jornada de recuperação.Mas depois eu entendi que como o meu corpo precisou se reinventar, os relacionamentos também podem se transformar, abrir espaço para outros sentimentos e outras fases.
A vida não é feita apenas de chegadas felizes. Ela também é feita de despedidas que nos ensinam a caminhar com mais firmeza. Estar sozinha não signif**a ser frágil. Pelo contrário, signif**a reconhecer a força que sempre esteve dentro de nós.
Ainda dói, mas posso dizer que nada foi em vão. Foram anos de aprendizado, amor e cuidado, que sempre terão valor. Só que olho para frente e enxergo um futuro que ainda pode ser bonito, mesmo que diferente do que imaginei.
Separações não diminuem ninguém. Elas apenas mostram que a vida é feita de ciclos, e cada ciclo traz sua lição. Meus AVCs me ensinaram a lutar pela vida. A separação me ensinou a lutar por mim mesma, pela minha autonomia, pelo meu direito de ser feliz.
A vida continua e ela pode ser surpreendentemente generosa com quem acredita no recomeço.
Recomeçar não signif**a apagar a história. Signif**a escrever novos capítulos, com a mesma coragem que nos trouxe até aqui.