15/08/2023
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A gestão de resíduos sólidos e a educação ambiental são temas de extrema importância nos dias de hoje. Entretanto, os africanos, em geral, e os moçambicanos, especialmente, ainda pensam que a educação ambiental é uma coisa dos países desenvolvidos, um problema dos "outros", e que nós temos outras agendas mais importantes.
Não nego que questões como desemprego e construção de infra-estruturas económicas e sociais estejam no topo das nossas agendas políticas. Entretanto, nos últimos anos, temos sofrido directamente os efeitos das mudanças climáticas e parece que só nos preocupamos, quando a coisa aperta. Depois disso, há um silêncio funesto.
Há uma necessidade urgente de começarmos a pensar em desenvolver políticas públicas objectivas e eficientes que incentivem a colecta selectiva, o tratamento correcto dos materiais recicláveis e a destinação adequada dos resíduos não recicláveis. Além disso, é preciso investir em infra-estruturas e tecnologias que tornem esses processos mais eficientes e acessíveis.
Para tal efeito, a proposta que faço é que se reforce a educação ambiental a todos níveis e sectores da sociedade moçambicana. É crucial conscientizar a população sobre a importância da preservação do meio ambiente e das consequências negativas da má gestão dos resíduos sólidos. As escolas, por exemplo, têm um papel fundamental nesse contexto, pois podem incluir em suas grades curriculares disciplinas que abordem a temática ambiental e promovam a formação de cidadãos mais conscientes, que vão além de simplesmente inserir um conteúdo isolado e ocasional num livro de Geografia ou Ciências Sociais sobre meio ambiente.
Na abordagem ambiental é importante trabalhar tanto com crianças e jovens, como também com adultos. É imprescindível trabalhar com o moçambicano que vive na cidade, mas também com aquele que vive no gueto e nas zonas rurais, para que todos compreendam a gravidade dessa questão e ajam de forma responsável.
Outro ponto relevante (e também uma solução) é a valorização da economia circular, isto é, usar o lixo como estratégia de geração de renda ou para fazer algum dinheiro. Ao incentivar a redução, reutilização e reciclagem dos materiais, é possível diminuir a quantidade de resíduos gerados e revitalizar a economia através da criação de novas oportunidades de negócio nesse segmento. É um ciclo sustentável que proporciona tanto benefícios ambientais como económicos.
Portanto, não adianta muito fazer discursos demagógicos sobre a gestão do lixo sem incluir uma agenda política clara sobre a educação ambiental. É como querer aprender uma língua sem conhecer os sons dela. A gestão de resíduos sólidos e a educação ambiental devem caminhar lado a lado para garantir a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das actuais e futuras gerações.
É verdade também que cabe a todos nós, como cidadãos, adoptar práticas sustentáveis no nosso dia-a-dia e cobrar dos governantes investimentos e acções efectivas nessa área.
Brigadeiro Lino Eustáquio