30/09/2025
Mundo | Palestina–Israel:
HISTÓRICO OU ILUSÃO?
------ >> Trump anuncia acordo de paz Israel–Palestina em 20 pontos, reacendendo esperanças e críticas
Beira, Moçambique, 30 de Setembro de 2025 (Hanif CRV – Media | “Verdade pela Verdade”) – Num gesto que reaviva memórias de processos passados, Donald Trump voltou ao centro da cena internacional ao anunciar ontem um “Acordo de Paz para o Médio Oriente”, assinado sob a sua mediação entre representantes de Israel e da Autoridade Palestiniana.
O documento, estruturado em 20 pontos, é apresentado como um roteiro definitivo para encerrar décadas de conflito. A cerimónia, marcada pela p***a habitual do presidente norte-americano, foi transmitida em directo a partir de Nova Iorque, onde Trump defendeu que “pela primeira vez, temos uma solução exequível para as duas partes”.
Contudo, especialistas recordam que este não é o primeiro “acordo histórico” apresentado ao mundo. Os Acordos de Camp David (1978), de Oslo (1993) e as chamadas Iniciativas de Genebra (2003) também foram celebrados com euforia, mas acabaram esbarrando na realidade da violência, da política e da desconfiança mútua.
OS 20 PONTOS DO ACORDO
O texto oficial divulgado pelos mediadores norte-americanos estabelece as seguintes disposições:
1. Gaza será uma zona desradicalizada e livre de terrorismo, que não representará ameaça aos seus vizinhos.
2. Gaza será reabilitada para benefício do seu povo, que já sofreu mais do que o suficiente.
3. Se ambas as partes aceitarem esta proposta, a guerra terminará imediatamente. As forças israelitas retirar-se-ão para a linha acordada, em preparação para a libertação de reféns. Durante esse período, todas as operações militares, incluindo bombardeamentos aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de combate permanecerão congeladas até estarem criadas as condições para uma retirada faseada completa.
4. No prazo de 72 horas após a aceitação pública deste acordo por Israel, todos os reféns, vivos e mortos, serão devolvidos.
5. Uma vez libertados todos os reféns, Israel libertará 250 prisioneiros condenados a prisão perpétua e 1.700 palestinianos de Gaza detidos após 7 de Outubro de 2023, incluindo todas as mulheres e crianças. Para cada refém israelita cujos restos mortais sejam entregues, Israel devolverá os restos mortais de 15 palestinianos.
6. Após a devolução de todos os reféns, membros do Hamas que se comprometam com a coexistência pacífica e com a entrega das suas armas receberão amnistia. Os que desejem deixar Gaza terão passagem segura para países de acolhimento.
7. Com a aceitação deste acordo, será enviado de imediato apoio humanitário total para Gaza, incluindo reabilitação de infraestruturas (água, electricidade, saneamento), recuperação de hospitais e padarias, e entrada de equipamentos para remoção de escombros.
8. A ajuda será distribuída sem interferência das partes, através das Nações Unidas, Crescente Vermelho e outras instituições independentes. A passagem de Rafah, em ambos os sentidos, seguirá o mecanismo já acordado em Janeiro de 2025.
9. Gaza será administrada temporariamente por um governo transitório tecnocrático e apolítico palestiniano, responsável por serviços públicos e gestão municipal.
10. Esse comité será supervisionado por um novo órgão internacional, o “Conselho da Paz”, presidido por Donald J. Trump e com outros líderes internacionais, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
11. O “Conselho da Paz” assegurará o financiamento da reconstrução de Gaza até que a Autoridade Palestiniana complete reformas e possa reassumir o controlo.
12. Israel não anexará a Faixa de Gaza e ninguém será forçado a abandonar o território.
13. Gaza será desmilitarizada; todas as armas, túneis, munições e infraestruturas do Hamas serão desmontadas.
14. Uma força internacional temporária de estabilização (ISF), composta por contingentes dos EUA, países árabes e europeus, será destacada para garantir segurança, treinar polícia palestiniana e monitorizar a desmilitarização.
15. As fronteiras terrestres e marítimas de Gaza serão controladas pelo órgão internacional em coordenação com Israel e Egipto, de forma a impedir contrabando de armas.
16. A comunidade internacional financiará a reconstrução de habitação, escolas, hospitais, estradas, electricidade, telecomunicações, água e saneamento.
17. A governação pela Autoridade Palestiniana poderá retomar quando houver segurança, infraestrutura, legitimidade e capacidade.
18. Será iniciado um diálogo entre Israel e os palestinianos, sob patrocínio internacional, sobre o estatuto político permanente de Gaza e, possivelmente, da Cisjordânia — mas apenas após estabilização.
19. O plano contempla como aspiração futura a criação de um Estado palestiniano, mas sem compromisso imediato.
20. Todas as partes deverão apoiar o diálogo inter-religioso, a reconciliação e as garantias de direitos e segurança das minorias, tanto em Gaza como em Israel.
ESPERANÇA E CEPTICISMO
Se, por um lado, líderes regionais como a Jordânia e o Egipto aplaudiram a iniciativa, vozes críticas não tardaram. O Hamas, ausente da mesa, classificou o acordo de “imposição externa sem legitimidade”. Já o governo israelita enfrenta divisões internas, sobretudo entre sectores nacionalistas que rejeitam a partilha de Jerusalém.
A comunidade internacional observa com cautela. Analistas lembram que a popularidade interna de Trump nos EUA também está em jogo, e o acordo surge em pleno ciclo eleitoral norte-americano.
O ETERNO DILEMA
Mais do que um texto, o documento agora divulgado reabre a questão central: será desta vez possível transformar promessas em realidade? Para as populações israelita e palestiniana, cansadas de décadas de guerra e ocupação, o “sim” ou “não” não se decide nos salões diplomáticos, mas no quotidiano das ruas de Gaza, Ramallah e Telavive. (🖋️ © 2025 | Hanif CRV – Media | Texto elaborado sob curadoria de Hanif CRV (nome legal: Mahamad Hanif M***a – MhM) | 📧 mhm.b.mz@gmail | 📱 +258 84/87 5728092 | 📷 Cartoonstock.com)