
14/09/2025
💬 Diálogo Nacional Inclusivo: dois dos mais respeitados comentadores moçambicanos — Elísio Macamo e Tomás Vieira Mário — colocam frente a frente argumentos sobre a participação do ANAMOLA. Inclusão total ou prudência com compromisso prévio?
🤔 Leia, reflicta e tire as suas próprias conclusões.
Moz | Diálogo Inclusivo:
DUAS VISÕES, UMA MESMA PREOCUPAÇÃO
------ >> Diálogo Nacional Inclusivo: Elísio Macamo e Tomás Vieira Mário divergem sobre inclusão do Anamola
Beira, Moçambique, 14 de Setembro de 2025 (Hanif CRV – Media | “Verdade pela Verdade”) – O lançamento oficial do chamado “Diálogo Nacional Inclusivo”, pelo Presidente da República, Daniel Chapo, está a gerar debate intenso entre académicos e analistas políticos moçambicanos. O ponto quente da polémica é a ausência do recém-criado partido político Anamola, liderado por Venâncio Mondlane, que tem vindo a solicitar formalmente a sua inclusão no processo.
Num recente post na sua página do Facebook, o sociólogo moçambicano Elísio Macamo trouxe à tona a sua leitura do momento, defendendo que a não participação do Anamola não compromete o processo. Segundo ele, “o diálogo foi resposta à violência que o candidato derrotado promovia” e, por isso, “o ónus está do lado do Anamola de mostrar que aceita tudo o que rejeitou violentamente”. Para Macamo, os outros partidos têm legitimidade para exigir essa demonstração de compromisso antes de o novo partido se sentar à mesa. “Se aceitar isso, não vejo por que não pode participar. Para mim, o Podemos está a ser vindicado agora, depois de ter sido acusado de traição por fazer aquilo que eles agora querem fazer. Haja coerência!”, rematou o professor.
O jornalista e comentador político Tomás Vieira Mário reagiu ao mesmo post com uma leitura oposta. Para ele, excluir o Anamola seria comprometer o carácter inclusivo que o próprio Governo quer atribuir ao diálogo:
“Sendo diálogo, a decisão de se lhe acrescentar o adjectivo ‘inclusivo’ visava, segundo me parece, exactamente assegurar que ninguém seria deixado de fora, desde que alinhado com o projecto democrático. Ora, o Anamola foi reconhecido como entidade legal exactamente porque nos seus estatutos ele se associa ao projecto democrático.”
Vieira Mário ainda afastou qualquer associação entre o novo partido e os tumultos pós-eleitorais de 2024, lembrando que na altura Venâncio Mondlane concorria pelo Podemos:
“Se quisermos ser legalistas, é ao Podemos que se deve requerer declaração expressa de renúncia a práticas violentas condenáveis aos olhos da lei.”
Num segundo comentário, Vieira Mário insistiu no ponto jurídico e fez uma analogia ousada:
“Ainda que seja uma analogia um tanto forçada, no raciocínio do Prof. Elísio jamais o Governo Moçambicano teria sentado à mesa para dialogar com a Renamo, ela que, de armas na mão, negou a ordem política então em vigor. Eu entendo que todo o esforço deve ser feito para que, efectivamente, este diálogo seja inclusivo.”
Elísio Macamo manteve a sua posição, sublinhando que o que está em causa “não é a entidade jurídica, mas a figura política, cuja acção política violenta criou o diálogo”. O académico alertou para os riscos de uma inclusão “sem garantias de compromisso”, que poderia, segundo ele, “premiar todo aquele que ameaça violência”, perpetuando um ciclo perigoso para a democracia.
Ao colocar lado a lado estas duas leituras de peso, nota-se que tanto Macamo como Vieira Mário defendem, em última análise, a necessidade de o diálogo resultar em mais democracia e mais estabilidade. Divergem apenas no caminho: um pede prudência e compromisso prévio; o outro insiste que a inclusão total é a melhor forma de legitimar o processo.
📌 Fontes: Este artigo baseia-se em excertos e comentários públicos disponíveis no post de Elísio Macamo no Facebook. Para consulta directa, aceda ao link original: https://www.facebook.com/share/p/1BBo6hztgk/. (🖋️ © 2025 | Hanif CRV – Media | Texto elaborado sob curadoria de Hanif CRV (nome legal: Mahamad Hanif M***a – MhM), com apoio de ferramentas de escrita digital | 📧 mhm.b.mz\ | 📱 +258 84/87 5728092 | 📷 Reprodução)