28/10/2024
Dialogar, desarmar a linguagem
O clima sóciopolitico tende a deterior-se dia-apos-dia em todo o país. A tensão social tende a generalizar-se, com a morte dr cidadãos indefesos e destruição de infraestruturas sócias, públicas e privadas.
As investidas policiais de Mecanhelas, na pro do Niassa, absolutamente desproporcionais relativamente ao aparente risco de desordem pública, vieram de novo por a nu a gritante despreparacao da Polícia, quer política quer em meios: o uso sistemático de armas de guerra tem sempre o grave risco de matar pessoas inocentes.
Mas, pelo que parece, o maior foco da tensão vive-se na populosa província de Nampula.
Os incidentes, muito graves, de Lalaua são disso elucidativos. Segundo consta, aí a população destruiu o posto policial local e instalações do partido FRELIMO e terá ainda atingido residências particulares.
Na província de Manica, geralmente pouco agitada, ocorreram igualmente actos violentos de destruição de infraestruturas particulares e públicas, nomeadamente a residência de um agente da Polícia em Gondola, acusado de ter morto a tiro um jovem local.
Incidentes mais violentos podem estar a ocorrer em diferentes partes do país, fora das câmaras de telemóveis, que têm sido aa mais abranges fontes de informação do país nos dias que correm.
Está lançado o rastilho do ódio, cujas acções podem ter como resposta o espírito de vingança.
O genocídio do Ruanda, em 1994, não avisou quando deu os seus primeiros "passos"! E muitas pessoas de bem ficaram indiferentes, porque a violência era já "habitual" no país. Mas quando o monstro saiu à rua...a chacina não conheceu limites nem muralhas: milhares de pessoas foram mortas à catanada, abrigadas em Igrejas!
O diálogo deve iniciar já! Daniel Chapo, proclamado vencedor pela CNE, e Venâncio Mondlane, o segundo mais votado, de novo segundo a CNE, devem liderar o processo.
Entretanto, ambas as partes devem lançar, imediatamente, fortes campanhas de "desmobilização geral" de quaisquer actos susceptíveis de serem interpretados como "provocatórios" pelos apoiantes do outro lado.
Estás campanhas devem incluir o desmobilização da linguagem pejorativa ou que suscite sentimentos de revolta.
Expressões como "cabecilhas" usadas por porta-vozes da Polícia devem ser corrigidas. Expressões como "ladrões" devem desaparecer, do mesmo modo que devem desaparecer expressões como "doa a quem doer" ou "...o problema é dele".
Consequentemente, é urgente desmobilizar os principais porta-vozes do discurso de ódio e de exclusão ocupando espaços informativos em diferentes "media": nunca esquecer que a comunicação social, através da Rádio das Sete Colinas, foi uma das maiores investigadoras do genocídio do Ruanda!
Neste período extremamente explosivo cada palavra, cada gesto conta: ou para ajudar a desanuviar ou para ajudar a incendiar!