
14/09/2025
Carta Aberta ao Partido FRELIMO: «A Urgência da Contra-Inteligência Política Digital no Partido FRELIMO» - Orgulho Moz(art)
Antes de abordar o pano de fundo supracitado, desejo endereçar as minhas mais sinceras saudações aos camaradas do Glorioso e Sexagenário Partido FRELIMO, manifestando, simultaneamente, o meu extremo desapontamento, mas com a esperança de que, sob a liderança de Daniel Chapo como Presidente do Partido, se verifiquem mudanças substanciais. Indo directamente ao que interessa, o Glorioso e Sexagenário Partido FRELIMO deve, com sentido de urgência, reconhecer que as redes sociais constituem, de forma incontornável, o futuro da comunicação política. Persistir em posturas ancoradas em paradigmas obsoletos não faz senão abrir caminho para que a oposição se imponha, granjeando a adesão da juventude mediante a difusão de desinformação e a manipulação da opinião pública, com o propósito de descredibilizar as acções do Governo e do partido no poder. Porém, a FRELIMO continua a descurar o investimento sistemático na contra-inteligência política digital, confiando quase exclusivamente no trabalho tradicional de base. Esta inércia concede à oposição a prerrogativa de agir e manipular a seu bel-prazer, denegrindo a imagem do partido e do Governo, sem que exista, da parte da FRELIMO, uma resposta estratégica robusta e consentânea com a complexidade dos desafios contemporâneos.
Basta observar o exemplo concreto das manifestações violentas promovidas pelo «Cabeludo» indivíduo que, entre artifícios e excentricidades, manipulou os seus seguidores a partir da Europa através de transmissões em directo vulgo live no Facebook. E por que razão foi tão fácil manipular esta massa apenas pelas redes sociais, sem possuir estruturas de base no país como as da FRELIMO? Se fosse para referenciar nesta carta, os erros são múltiplos e dariam matéria para uma enciclopédia, mas o ponto fulcral é claro: no campo das redes sociais nada de significativo foi feito para, pelo menos, atenuar essa influência desde tempo da pré-campanha. Assim, o opositor continuou e continua a instrumentalizar jovens no Facebook, Instagram, Twitter e TikTok, sendo a sua principal arena o Facebook, onde um exército de jovens desorientados encontra terreno fértil. É admissível que se continue a permitir que ele se sinta dono desse espaço, sem que haja uma acção concreta?
É de saudar o esforço de marketing e comunicação desenvolvido pela FRELIMO e também pelo Governo desde dia 15 de janeiro. O Gabinete de Imprensa, tanto do partido como do Executivo, tem feito um trabalho visível na preservação e promoção da imagem institucional, e isso é positivo. Contudo, não basta. Há, de facto, contas pessoais que, há vários anos, procuram retaliar as constantes campanhas de difamação e desinformação promovidas por páginas de apoio à oposição umas até ancoradas a dita sociedade civil; todavia, tais esforços equivalem a uma gota de água num oceano. Figuras como Egídio Vaz já não se mostram activas, por força das suas responsabilidades profissionais; Alfazema, por si só, não consegue fazer frente à máquina oposicionista. Algumas páginas independentes, ainda que com recursos deficitários fazendo omeletes sem ovos, tentaram desempenhar esse papel, mas perderam fulgor após o período eleitoral e, desde Março, já não mantêm a mesma actividade.
O partido precisa de investir seriamente na contra-inteligência política digital, criando mecanismos de astroturfing político isto é, páginas ou plataformas aparentemente independentes, mas orientadas para difundir informação, reagir as desinformações e contra-atacar as narrativas adversárias. Do que se está à espera? Continuar a confiar apenas no trabalho de base é um erro de cálculo. A oposição domina as redes sociais e, consequentemente, as suas desinformações chegam às comunidades a uma velocidade estonteante, à frente da própria comunicação do partido, e mesmo assim insiste-se em ignorar a gravidade da situação.
Trago esta carta em haste pública porque cansei de chamar a atenção sobre a importância que as redes sociais têm, nos dias de hoje, na vida política moderna. Falo disto desde 2019 e, até agora, as minhas advertências foram simplesmente ignoradas. É o momento de a questão ser levada a sério, agora se querem continuar a ignorar, paciência.
Trago esta carta em haste pública porque me encontro exausto de reiterar a importância que as redes sociais assumem, nos dias de hoje, na vida política moderna. Tenho abordado este tema desde 2019 e, até ao momento, as minhas advertências foram sistematicamente ignoradas. Chegou, portanto, o momento de que a questão seja encarada com seriedade; caso se decida continuar a ignorá-la, que assim seja, mas a responsabilidade permanecerá inequivocamente registada.
Com os melhores cumprimentos,
Orgulho Moz